[Resenha] Becca Fitzpatrick - Silêncio

No final, a única coisa entre nós era o silêncio.

Fonte: www.seriesussurro.com.br

O LLM acabou? Abandonaram o blog? Aconteceu alguma coisa com os meninos? 

Podem ficar tranquilos, todas as opções anteriores estão definitivamente erradas. A verdadeira e curta justificativa para esse hiatus de posts é que tanto eu, quanto o Robledo estamos sem tempo. Ele começou a faculdade (parabéns!) e eu estudo à tarde e só tenho à noite para estudar para o ENEM e o vestibular, fora o pré-vestibular de horário integral aos sábados. Tudo acarreta em uma diminuição do nosso ritmo de leitura e de posts aqui no blog, porém eles virão em algum momento, é só acreditar e torcer por nós, combinado?

Olhando para aqueles rostos sorridentes, tentei me enganar e acreditar que estava segura, agora que voltara ao meu mundo. A verdade era que nunca me sentiria segura e nunca teria meu mundo de volta [...].

Bom, chega de explicações e vamos às afirmações. Há algum tempo recebi o livro "Silêncio" da nossa parceira Intrínseca e só Deus sabe o quanto ansiei por lê-lo. Caso se sinta um pouco perdido, há resenhas aqui no blog também dos primeiros livros da série, "Sussurro" e "Crescendo", basta clicar para ler. Os constantes elogios à obra só aumentaram uma expectativa que eu nunca desejei, nunca quis ir com muita fome ao pote, mas enfim. Li e aproveitei e estou aqui disposto a resenhá-lo sem spoilers e introduzi-los ao que chamo de Era de Ouro da Série Hush Hush.

"Silêncio" é o atual ponto-alto da série, sem discussão. Becca conseguiu reunir todos os  aspectos cativantes dos outros volumes e reuni-los em um só, acertando do começo ao fim. Vemos o seu amadurecimento na trama, de uma história que poderia passar despercebida a algo que conquistou o seu lugar. A obra põe Hush Hush em outro patamar de gênero, narrativa, imersão e qualidade. Desde o primeiro capítulo o enredo toma forma, somente para surpreender ao final, tamanha é a clareza dos fatos.

- Tem medo de morcegos, Grey? [...]
- Para de me chamar de Grey. Parece que sou um menino. Como Dorian Grey.
- Dorian quem? [...]
- Basta escolher outro nome [...].
- Tudo bem, Jujuba.

Quando "Sussurro" terminou com tantas perguntas e "Crescendo" não foi exatamente uma exemplo literário, caiu sobre o terceiro volume a responsabilidade de preencher as lacunas do primeiro e superar o fracasso do segundo. O livro cumpre todas essas funções de modo brilhante e aos poucos a trilogia torna-se um só conto;  com as respostas não se sobrepondo e sim aprendendo a fluir entre os parágrafos sem pesar com o excesso de informações.

A estrutura da trama não prometia nada demais e presumia-se que iria rodar em torno do final do livro anterior, porém seguiu por um outro caminho jamais pensado, instigando o leitor a permanecer com os personagens até o fim. Como o desenvolvimento do livro é ótimo e as passagens de ação, tensão e perigo são bem feitas, cria-se essa expectativa do quão melhor será o final. Infelizmente, não só de elogios constrói-se esta resenha e temo informar os calcanhares de Aquiles que a nova obra de Fitzpatrick apresenta.

Cruzei os braços tentando demonstrar impaciência e descontentamento, mas a verdade era que eu estava gelada por dentro. Sentia um frio que nada tinha a ver com a temperatura. Eu nunca iria escapar daquilo Tive um rápido e horrível pressentimento de que o encontro [...] era só o começo, uma antecipação quase insignificante do que estava por vir.

O clichê que persegue os romances do mocinho de físico perfeito não se sustenta, assim como as reações das personagens a ele, chegando a ser irritante em alguns momentos. É algo a se mudar, as histórias precisam de um nível de realidade a ponto de confundirmos o que pode ocorrer e ou não e não vivemos em uma sociedade de homens e mulheres perfeitos de cabeça aos pés. Chega a ser incomparável a quantidade de momentos dinâmicos deste livro com seus antecessores, contudo quando não há esse tipo de movimentação, a autora escorrega em tentar articular uma conexão protagonista x leitor, em alguns momentos certos pensamentos e reflexões não são tão críveis quanto ela pensou que seriam.

A diagramação é um espetáculo à parte. A fidelidade de ter permanecido tanto com a capa quanto com a tipografia interior da obra só enriqueceu a experiência da leitura, marcando Hush Hush com diversos símbolos, como as penas pretas e vermelhas, que para onde eu olhar, lembrarão-me do que li. Apesar de haver um jogo de marketing, funciona bem para o enredo, pois não se trata de algo inteiramente forçado para fazer vender no mercado, todos os componentes auxiliam para fazer do todo um só que valha a pena. 

- Só há uma coisa de que ainda tenho certeza - Ele se virou, e seus olhos estavam escuros. - Sei que faria qualquer coisa por você, mesmo que para isso tivesse que agir contra meus instintos e minha natureza. Abriria mão de tudo que tenho, até da minha alma, por você. Se isso não é amor, é o melhor que tenho para oferecer.

Após a decepção com "Crescendo", Becca Fitzpatrick volta para lograr-se como autora de sucesso e escritora de uma das séries de anjos caídos mais bem escrita da atualidade, onde a competição desse subgênero pós-vampiros é bem acirrada. "Silêncio" é um dos picos triunfantes do ano, mostrando que para toda série há esperança, basta saber como induzi-la ao seu final. Porque a obra é exatamente isso, uma introdução ao fim que se aproxima. "Finale", o último livro da série, já está escrito e devidamente ansiado por nós fãs, e como este terceiro livro foi surpreendente, há uma espera muito maior para como tudo isso irá teminar. Mas nós confiamos em Becca. Afinal, quem diria que o Silêncio seria tão melhor que tudo aquilo já dito?

Título: Silêncio.

Autora: Becca Fitzpatrick.

Editora: Intrínseca.

Número de Páginas: 304.

Avaliação: 4,5 de 5.