Léopoldine au livre d’heures (1835), de Auguste de Chatillon. |
"A pesquisa mostra o poder da literatura de alterar os caminhos mentais, para criar novos pensamentos, novas formas e conexões tanto aos jovens, quanto aos leitores mais céticos", disse Philip Davis, professor de Inglês que trabalha no estudo da Universidade.
Através de scanners, os pesquisadores monitoraram a atividade cerebral de voluntários enquanto os mesmos liam figurinhas repetidas da literatura inglesa, como Shakespeare, William Wordsworth e T.S. Eliot. Quando tais leitores foram apresentados à versões editadas e de linguagem simplificada e atualizada, a mesma monitoração foi realizada. Os exames mostraram que a prosa mais "desafiadora", com palavreado rebuscado e expressões mais complexas produziu muito mais atividade cerebral que as versões adaptadas, efeitos semelhante a flashes de luz.
"Este é o argumento para uma linguagem séria em uma literatura séria para situações humanas sérias, ao invés de livros de auto-ajuda ou de leitura fácil que apenas reforçam opiniões previsíveis e auto-imagens convencionais".
Essa "iluminação" da mente dura mais do que a faísca inicial da experiência, mudando o cérebro a uma velocidade superior, incentivando ainda mais a leitura. A leitura de poesia, em particular, aumenta a atividade no hemisfério direito do cérebro, área responsável pelas emoções e a memória autobiográfica, ajudando o leitor a refletir e reavaliar suas próprias vivências com base no que leram. Acadêmicos afirmaram que isso significava que os clássicos foram mais úteis do que livros de auto-ajuda, que possuem esse fim específico.
"A poesia não é apenas uma questão de estilo. É uma questão de versões de profundidade de experiência que adicionam o emocional e o biográfico para o cognitivo ", disse o professor Davis.
As descobertas foram apresentadas na Conferência de Educação de Sheffierd essa semana pelo mesmo. Davis espera scannear, ainda, o cérebro de voluntários enquanto leem Charles Dickens, para testar se as revisões do escritor em seu texto desencadeiam uma atividade cerebral mais intensa do que a obra original. Ele agora trabalha com a caridade do grupo "A Reader Organisation" para estabelecer pontos de leitura em voz alta em centros de acolhimento, asilos, prisões, bibliotecas, escolas e grupos de mãe e crianças em desenvolvimento. Uma outra pesquisa em conjunto com a Universidade College de Londres irá estudar os efeitos da leitura naqueles que sofrem de demência.
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A proposta e os resultados do estudo são válidos, principalmente pelo fato de incentivarem algo que estamos sempre acalentando aqui no blog: a leitura de clássicos. Acredito que a leitura de versões adaptadas são funcionais no meio para o qual foram fabricadas, sem falar na sociedade contemporânea onde quanto menos se lê, mais rápido se lê. Não sou um expert no que se diz sobre clássicos, porém gosto de ler de tudo um pouco, de Paulo Coelho a Machado de Assis a Rick Riordan e é já mais do que hora das pessoas interromperem quaisquer tipos de preconceitos literários viciosos. Apesar de não estar explícito no estudo, há um tom reforçado de que "ler os clássicos é melhor que ler as adaptações". Não tenho sombra de dúvida que não, porém, sejamos razoáveis: sua leitura na maioria das vezes é maçante pelo vocabulário inusual, pelo estilo de narrativa de ininterrupta reflexão e pelos objetivos complexos que os autores propunham aos seus personagens. Eu mesmo encontrei uma versão resumida e adaptada de "Os Miseráveis" nesta última mudança que fiz, um apanhado de apenas 46 páginas com algumas ilustrações. Apreciei a história e o enredo, e mesmo que não possa comentar sobre a escrita do autor, seu estilo e tanto sobre a trama em si, estou satisfeito pela leitura e não me vejo obrigado ou impelido a ler a prosa original e da mesma forma que não penso em não lê-la. Talvez ler deva ser exatamente assim: simples; isento de toda ciência e afins. Vocês decidem.
Eu acho que tá com tudo essa sua divulgação de artigos ultimamente hehehe
ResponderExcluirEu sou a favor de ambos. Acho que ler é fundamental, e que pra criar gosto vale até bula de remédio.
Mas é claro que concordo com a defesa do estudo. Acho que é importante sim aprofundar leituras.
Não acho que você precisa adorar clássicos. Ou sempre lê-los. Ou que não deva começar por adaptações.
Eu apoio totalmente. Acho só que devemos sempre 'buscar desafios', e nos motivar a crescer. E conhecer grandes autores como um estudo, como uma provação intelectual é muito bom.
Pode ser um por ano, ou pra quem lê pouco, eventualmente um que tenha despertado seu interesse num filme ou numa adaptação. Mas invista sim, porque mesmo sem o estudo vemos resultados.
E bom, você sempre vai poder se orgulhar de ter conseguido superar esse desafio se acha tão tenebroso assim ler um livro mais denso.
liliescreve.blogspot.com
Exemplos, tem no meu post pro Minha vida literária
http://www.minhavidaliteraria.com.br/2012/07/post-surpresa-da-semana-classica-por.html
Caíqueeeee, hello!!!! Quanto tempo que não comento aqui *--------*
ResponderExcluirAntes de comentar sobre a postagem em si, gostaria de dizer: o blog tá lindo e com certeza vc está conseguindo dar conta dele <333 Adoro suas edições e estarei acompanhando as novidades da Bienal por aqui *----*
Está show o seu blog, sem dúvida alguma ^-^
Agora, vamos para a postagem:
Assim, eu gosto mais de ler livros jovens ou adaptações. Simplesmente pelos motivos que vc falou: a leitura do clássico geralmente é mais maçante e é necessário muitos momentos de reflexões (não reclamo muito disso, é legal refletir - mas, os próprios livros jovens me fazem refletir) e uma coisa que não gosto é ficar parando a leitura e geralmente faço muito isso com os livros clássicos. E não é que eu não queira ler, é que me sinto meio estúpida lendo. Mas, depois dessa pesquisa, acho até que começarei a ler mais vezes livros clássicos, já que não é só comigo que acontecem essas coisas!
Na verdade, eu acho que deveríamos ler a adaptação e depois ler o livro clássico, assim não ficaríamos tão perdidos! Realmente não tenho nada contra clássicos, apenas questão de preferência mesmo! Mas, se alguém pedisse para eu ler um, aceitava numa boa ^-^
Parabéns pelo post!
http://recordandopalavras.wordpress.com
Oiii :)
ResponderExcluirConcordo com a sua conclusão, temos que ler o que queremos, sem parar pra pensar no que vai acontecer no nosso cérebro lendo tal coisa ou coisa tal. Eu nunca li clássicos e nem tenho a menor vontade de ler... No desafio que estou fazendo tem um mês para clássicos e já sei que não vou conseguir cumprir, só tenho um e não pretendo comprar outro! aoeiuaeoiuaeoiaeuoaeiu. Gosto de ler e sentir a leitura fluir, não ter que ficar pensando e repensando partes...
Gosto das adaptações porque me dão acesso aos originais, me dão aquela vontadezinha de ler o que veio daquilo, como aconteceu com Julieta Imortal, mas eu já tinha lido uns trechos de Romeu e Julieta, e ... Enfim. rs'
Adorei o artigo! Parabéns!
Beeeijos, Nanda
Oi Caíque!
ResponderExcluirInteressante esse estudo. Eu já imaginava que ler clássicos fazia o nosso cérebro trabalhar mais, afinal, uma leitura mais rebuscada com palavras complexas precisa de mais neurônios funcionando. rsrs
Eu sou meio preconceituosa com os clássicos. Não me lembro de ter lido nenhum até pouco tempo quando comecei a ler Madame Bovary. Gostei do livro, mas a narrativa não me atraiu muito. Sei lá. Vou tentar ler mais clássicos pra exercitar o meu cérebro. =)
Bjs
Gabi Lima
http://livrofilmeecia.blogspot.com.br