segunda-feira, 15 de outubro de 2012

[Resenha] George R. R. Martin - A Tormenta de Espadas

Favoritos caem e infortunados ascendem no Jogo dos Tronos.
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                                                   Sem spoilers - Resenha dos antecessores: A Guerra dos Tronos - A Fúria dos Reis

A Tormenta de EspadasSinopse: Enquanto os Sete Reinos estremecem com a chegada de bestas terríveis e seres indesejáveis no desolado Norte, um bastardo divide-se entre sua consciência e o papel que é forçado a desempenhar. Um candidato ao Trono de Ferro vence todas as suas batalhas, mas será que obterá êxito nos embates que não se resolvem com a espada? Uma princesa-órfã continua à procura de sua família, porém mesmo alguém tão determinada terá grande dificuldade em ultrapassar os obstáculos que se somam. Na corte, uns lutam pela vida quase perdida e outros desejam acabar com a própria. No longínquo Leste, uma rainha-sem-reino busca seu exército em meio ao caos das cidades escravagistas; e onde antes havia uma menina indefesa, nasce uma conquistadora impiedosa.

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Muitos rostos desconhecidos, [...] muitos jogadores novos. O jogo mudou enquanto eu apodrecia na cama, e ninguém vai me contar as regras.
A partir do momento em que descobri a complexidade com que George R. R. Martin escrevia suas obras, o mundo literário dos épicos se abriu para mim. Sou fã dos filmes baseados nos best-sellers de Tolkien, é bem verdade, mas por não ter conseguido passar do início de A Sociedade do Anel, As Crônicas de Gelo e Fogo angariou um espaço todo especial em meu coração, onde muitos carregam a trilogia do Um Anel. Uma experiência fora do cotidiano de leitura de qualquer um.
- [...] Ajude-me a levantar - disse, lutando com as cobertas. - Já é hora de fazer uma visita ao meu pai, e já mais do que hora de voltar a deixar que me vejam.
- E que linda é a visão [...]
- O que é meio nariz num rosto como o meu? [...]
"A Tormenta de Espadas" reafirma a excelência do conjunto de livros que forma a saga. Simplesmente não há como defini-la por meio das poucas palavras contidas nesta resenha, por isso não espere que eu o convença de ler A Guerra dos Tronos com esses singelos parágrafos. A curiosidade deve movê-lo, assim como um dia me moveu, e certamente será surpreendido como eu fui. Seu antecessor não havia suplantado todas as minhas expectativas, mas ATDE é um prato cheio de sangue, segredos, reviravoltas, surpresas e muitas e mais ainda reviravoltas.

- ... e vendeu-lhe [...], eu sei. Vai nos vender com a mesma rapidez. Nas mãos erradas, uma moeda é tão perigosa quanto uma espada.
O enredo justifica a assustadora extensão. Ao longo de suas oitocentas e quarenta grandes páginas de letras miúdas, os fatos se sobrepõem instigantes, e, no decorrer dos capítulos, vemos uma nova realidade, uma nova forma de raciocínio, novos dilemas e riscos que renovam as perspectivas e motivações. A alternância de pontos de vistas é sumariamente necessária, pois observamos a guerra sob tantos ângulos quanto são possíveis, dos campos de batalha às conferências estratégicas, onde favoritos caem e infortunados ascendem.

- Poderão [...] ser tão idiotas que creem que o lobo pode derrotar o leão?
A trama está tão bem entrelaçada que temo pelo que pode vir. ATDE é o clímax da trilogia inicial; o que aguardar de seus sucessores? A narrativa se mostra pesada sob certos olhos, o que acaba por marcá-los com seus defeitos. É difícil terminar um trecho sem fôlego e se deparar com o seguinte cheio de descrições e justificativas. A história é indubitavelmente irresistível, porém a leitura é cansativa pelo tamanho, e, somente por isso, em alguns momentos, devemos nos ater mais à força de vontade. Não se preocupe, George priva o leitor de duas coisas durante toda a obra: paz e marasmo.
- [...] Não ouvi. E, se tivesse ouvido, não me importaria. Às vezes, a Velha Ama voltava a contar as mesmas histórias, mas nós nunca nos importávamos, desde que fossem boas. Ela costumava dizer que as velhas histórias são como velhos amigos. Temos de visitá-las de vez em quando.
Não há certeza se irei resenhar os próximos volumes, tenho a sensação de que cumpri meu dever de analisá-los. Cabe a você decidir se possui coragem, sanidade e estômago suficiente para ler o que Martin propôs ao longo de suas obras. É cada vez mais estreito o caminho de resenhá-los sem spoilers - e, acredite, um espirro pode ser informação crucial no texto do qual falamos -, sinto que não há mais como fazê-lo assim, tão incompleto, tão indigno do quão incrível é o livro.
- Oh, certamente. - Tudo vem de trás e mais de trás, pensou [...], de nossas mães e pais e dos que vieram antes deles. Somos marionetes a dançar, presos aos cordéis daqueles que chegaram antes de nós, e um dia nossos filhos ficarão com nossos cordéis e dançarão em nosso lugar. [...]
Insano; se ATDE é algo, isso é insano, inconstante, inesperado. Sua extensão pode ser desfavorável por algumas páginas, entretanto todo o resto é tão, tão prazeroso que quaisquer problemas tornam-se obsoletos. Um que não passou despercebido fora a fragilidade da diagramação, com um intenso desgaste da capa e da contracapa mesmo com meus já conhecidos cuidados. O que dizer além disso? Cave covas suficientes, pois não são poucas as cabeças que passarão pela linha da espada. Tome cuidado em quem confia ou a sua pode ser a próxima.
- [...] Se tivesse...
- É tarde demais para ses, tarde demais para resgates - disse [...]. - Tudo que resta é a vingança.

Título: A Tormenta de Espadas.
Autor: George R.R. Martin.
Editora: Leya.
Número de Páginas: 840.
Tradução: Jorge Candeias.

8 comentários:

  1. Esse é um livro que eu realmente quero ler,já vou coloca-lo na minha lista!
    cavalheirodameianoite.blogspot.com

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  2. Eu gostei muito do primeiro, e acho que não consigo escolher entre ele e A tormenta de espadas entre os favoritos. É tudo isso que você disse e mais, muito mais.


    Eu não tive coragem de resenhar, provavelmente quando terminar de ler a série (ou ao menos o quinto) irei fazer um post falando da série como um todo.
    Mas ela foi o que reascendeu o meu desejo depois do fim de HP.
    Embora eu tenha gostado demais de jogos vorazes, eu precisava de alguma história longa, algo que lidasse com minhas fantasias e frustrações. Mesmo com tantos livros bons sendo lançados, um bom livro épico de fantasia sempre se faz necessário na minha cabeceira, no meu pensamento e no meu coração.


    E ele conseguiu o que nenhum autor conseguiu até hoje, que eu odiasse tanto um livro por tudo que acontece nele. E ainda assim fique tão viciada pela história que não pare de criar esperanças e ficar na expectativa pelo próximo golpe.




    liliescreve.blogspot.com

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  3. Aposto que não irá se arrepender, Pedro! GRRM é sempre bom (:
    Obrigado por comentar, um abraço!

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  4. Exatamente! Essa coisa de não conseguirmos suplantar a necessidade de explicar na resenha o quão a série é ótima acaba sendo frustrante, provavelmente será o último que resenharei. Provavelmente XD George me fez gostar de histórias épicas e devo muito isso aos jeito como tudo é um quebra-cabeça na história; é cada vez melhor, mais viciante e assustador. Mal posso esperar para dar o tempo necessário que esses livros requerem na minha rotina para ler "O Festim dos Corvos". Obrigadão pelo comentário, Lili, um beijo!

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  5. "ATDE é um prato cheio de sangue, segredos, reviravoltas, surpresas e muitas e mais ainda reviravoltas." A vontade de ler essa série voltou na hora que li essa frase rs. Já tinha abandonado a ideia, por ter demorado tanto pra ler um livro de 500 páginas, mas tem livros, como os dessa série, que acho que eu leria bem mais rápido. Mas ainda assim fico com medo de não conseguir e me frustrar depois, por que né, quero ler mil coisas ao mesmo tempo. Amei ver mais uma resenha impecável sua aqui no blog, incrível como você consegue fazer a coisa toda ter conteúdo sem precisar contar nadinha do livro e ainda prender seriamente quem está lendo *-* haeiuhaeiuahe '
    Saudades de você!


    Beijos!

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  6. Queria poder responder seu comentário com outra à altura, mas é meio que impossível devido à sua fofice ;D É muito complicado falar de algo que gostamos muito - você, mais do que ninguém, sabe do que falo - e com ATDE não é diferente; não acho muito o seu estilo de leitura, porém dou a maior força, a série é demais e não consigo largar. Redigir as resenhas é outra história, é difícil fazê-lo sem spoilers e ainda acho que elas ficam incompletas, contudo, estou mais do que feliz que gostou, that's the spirit! Um beijão e também estou com saudades suas e da Gabi, obrigado por comentar (=

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  7. Ja ouvi muito falar dessa serie mas ainda nao tive a oportunidade de ler , embora a historia seja bem interessante!! Mas fiquei bem curiosa pra ler!! bjos.

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  8. a vontade que eu tenho de ler esse livro é muita! a preguiça não me deixa rs

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