[Resenha] Hilary Duff e Elise Allen - Elixir

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Sinopse: Com seus 17 anos, Clea Raymond vem sentindo o brilho dos holofotes desde que nasceu. Filha de um renomado cirurgião e uma importante política, ela se tornou uma talentosa fotojornalista, refugiando-se em um mundo que a permite viajar para diversos lugares exóticos. Porém, após seu pai ter desaparecido em uma missão humanitária, Clea começa a perceber imagens sinistras e obscuras em suas fotos revelando um belo jovem que ela nunca viu antes. Quando o destino faz Clea se encontrar com esse homem, ela fica espantada pela conexão forte e instantânea que sente por ele. Conforme se aproximam e se envolvem no mistério do desaparecimento do pai de Clea, eles descobrem a verdade secular por trás dessa intensa ligação. Divididos por um amistoso triângulo amoroso e assombrados por um poderoso segredo que afeta seus destinos, eles embarcam em uma corrida contra o tempo para desvendar seus passados e salvar suas vidas - e seu futuro.

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Em plena Bienal do Livro do Rio de Janeiro no dia 4 de setembro do ano passado que me ocorreu uma das coisas mais surpreendentes: conheci Hilary Duff. Figurinha repetida em minha infância assistindo Disney Channel,  a atriz / cantora / escritora / o que mais? conversou com fãs e autografou seu livro de estreia em uma tarde de gritaria, estresse e muita história pra contar. Entretanto, essa aventura será contada em uma outra oportunidade, pois vamos falar de "Elixir", um ponto de interrogação ambulante em minha estante. Até agora.

"Quem é você?", eu perguntei. 
"Você sabe quem eu sou", ele respondeu. "Eu sou seu."

O enredo acontece ágil, o que é bom para o ritmo da leitura, porém não favorece a estabilidade da história. A constante mudança de cenário tira a verossimilhança da obra, sempre introduzindo novas realidades, o que gera várias descrições de cidades, lembranças e experiências da protagonista com o ambiente e afins. Se tratando de um Young Adult - não desmerecendo o gênero -, não fluiu muito bem, a narrativa ganharia muito se transitasse apenas pelos arredores de onde a principal mora, em algo mais intimista e não tão global; logo percebemos que o livro não tem base para viajar tanto pelo mundo com tais tramas.

Um acerto razoável em "Elixir" são os personagens, que rapidamente são delimitados e dinamizados em suas respectivas áreas de atuação, sem fugir em momento algum do que era esperado para cada um deles. São bem construídos e interagem bem entre si, atraindo o leitor ainda mais a vivenciar o que é narrado. Vamos da admiração por Clea a odiá-la por algumas de suas atitudes, o que é muito favorável destacando o envolvimento do interlocutor com o que está escrito. 

— Você precisa de comida.
— Frutas e vegetais silvestres.
— Um teto sobre a sua cabeça?
— Podemos construir uma cabana.
— Roupas?
Abri um sorriso tão cheio de malícia [...] ele quase virou o barco.
— Eu não sei nadar!
— Desculpe, mas foi uma reação totalmente compreensível. Qualquer homem concordaria. 

Impossível não mencionar o papel de Elise em toda essa história, entretanto, foi exatamente isso que não ficou nada claro para mim> Seria ela uma ghostwriter, uma assistente de escrita, uma editora, uma junção de tudo isso? Trata-se de um dos vagos em minha experiência com o livro, onde não pude delimitar o trabalho das co-autoras. Em vários momentos, os fatos são muito casuais apesar de estarem ligados; não soam como se tivessem sido pensados em conjunto, concluindo uma incógnita de continuidade. Sem ela, não há um aspecto literário sério e a lição tomada é simples: amadorismo, tanto de Elise na técnica quanto no amadurecimento da ideia de Hilary.
"Elixir" é uma promessa incerta em um tropeço no escuro. A abordagem da narrativa sendo mais organizada e focada em um só lugar para desenvolvimento, assim como as explicações do clímax sendo menos fantasiosas e mais objetivas em passar aquilo como uma verdade em que o leitor seja capaz de acreditar conceituaria um livro mais respeitável. Um ótimo trabalho de diagramação da Editora iD, com encadernação fosca - cuidado extra a fim de não manchá-la com digitais - e tipificação das páginas, sempre obedecendo um padrão de disseminar a flor de Íris da capa, que tem todo um significado.

— A Piri já perdoou você? [...]
— Acho que não. Ela pôs alho em tudo o que me serviu.
— Não leve pro lado pessoal. Vai muito alho na culinária húngara — expliquei. 
— Até nas tortas de chocolate, pelo visto [...]
— Tudo bem, isso você pode levar pro lado pessoal [...]

Hilary construiu um legado de fãs com suas músicas e filmes, posso até me incluir neste último fator, contudo, sua obra literária é falha em muitas áreas. Há falta de edição em boa parte do texto, uma repaginação melhor de fatos que conduziriam ao final, um nivelamento de contexto para não acabasse diletante - quando se introduz coisas demais com pouca ligação para explicar o enredo ou quando esse ligação fica, de alguma maneira, estranha e/ou bizarra -, uma conexão melhor do material da writer e da ghostwriter. Não recomendo que ninguém desista de lê-lo devido a esta análise ou quaisquer outras, você deve ler e ter o seu parecer sobre esta promissora história mal trabalhada. No final, voltamos à velha discussão: todo leitor pode ser um escritor?

Título: Elixir.

Autoras: Hilary Duff e Elise Allen.

Editora: iD.

Número de Páginas: 280.

Isso era real e era comigo. Eu vivi aquela vida e eu morri aquela morte. Eu estava estrelando o meu fim.