O filme, feito na época em que John Travolta ainda era uma pequena estrela em ascensão, mostra-nos a terrível rotina de Carrie, uma colegial extremamente tímida e assustada, que tem de conviver com o bullying praticado por suas colegas e com uma mãe extremamente religiosa, do tipo que condena a filha quando esta chega em casa avisando que, pela primeira vez, experimentou a menstruação. Carrie é uma pequena adolescente pálida e reservada (muitíssimo bem interpretada por Sissy Spacek) que sofre todos os tormentos da sua rotina de forma calada, absorvendo suas decepções como uma esponja de dor.
A única pessoa que tem o mínimo de afeto para com Carrie é a sua professora de educação física, uma mulher severa e de gênio forte, que percebe claramente o tratamento terrível recebido pela garota todos os dias e que deseja mudar essa pobre estudante, elevando-lhe a autoestima. Graças a uma série de fatores curiosos e suspeitos, Carrie recebe, de um garoto muito popular, um convite para o baile de formatura - o evento que, como sabemos da nossa cultura hollywoodiana, constitui a festa mais valorizada de todo o segundo grau americano, sendo a oportunidade perfeita para construir uma imagem ou... Humilhar alguém.
A pergunta é: onde está o terror? Simples: enquanto sofria em silêncio e padecia sem dizer uma única palavra, Carrie desenvolvia, mais involuntariamente do que por vontade própria, poderes telecinéticos. Ou seja, a garota era capaz de mover objetos simplesmente com o poder da mente, quando se concentrava o suficiente. E não me refiro apenas ao ato de entortar uma colher ou de fazer uma caneta flutuar: Carrie podia incendiar locais e fazer com que facas se dirigissem mortiferamente ao peito de alguém, por exemplo. Quando a garota é humilhada em seu baile de formatura - uma das cenas mais singulares do filme, marcada por um silêncio sepulcral seguido de uma profusão de risos e dedos em riste -, é que seus poderes fatais começam a emergir do segredo e da ocultação, e a vingança de Carrie começa.
Carrie, sorridente em seu baile de formatura, minutos antes do colapso |
Carrie, coordenando a orquestra da sua vingança |
Tendo sido indicado para dois Oscars, Carrie pode nos parecer um filme amador, nos dias de hoje, graças aos seus efeitos especiais. Entretanto, é preciso aplaudir a atuação de Sissy Spacek, que de uma hora para a outra se transforma de uma pobre e solitária adolescente para um monstro de destruição em massa, coberto de sangue e com sede de morte - andando lentamente, com olhos esbugalhados, acompanhada por uma trilha sonora singularmente aterrorizante. O filme é bem curto (uma hora e trinta e oito minutos), mas já é o suficiente para plantar uma pequena semente de medo em seus espectadores, além de estimular o interesse por temas como a telecinésia (lembram da Sabrina, de Pokémon? Ou da Jean Grey, do X-Men? Ambas possuíam poderes telecinéticos).
Eu não sei dizer a relação precisa entre o livro de Stephen King e o filme, mas nenhuma das críticas que li assegurava que a obra dirigida por Brian de Palma (Missão Impossível, 1996) encontrava-se aquém do terror de King. De uma forma ou de outra, são dois tipos de arte diferentes, e compará-las pode ser uma atividade deveras perigosa. Carrie, a Estranha, o filme, foi feito para ser apreciado e provocar terror e reflexão, tanto sobre a pressão à qual uma adolescente normal é exposta quanto sobre questões como o fanatismo religioso e suas consequências. O filme já foi feito há mais de trinta anos, mas ainda tem um quê de atemporal.
Olá!
ResponderExcluirEm primeiro lugar: adorei a coluna Controle Remoto. Já tinha ouvido falar tanto do livro e do filme, mas nunca tinha me interessado. O post foi super bem escrito e tudo mudou, agora sim, tanto livro, quanto filme vão entrar pra lista de compras! Parabéns!
Beijo!
http://janinestecanella.blogspot.com/
Oi
ResponderExcluirNunca li o livro, mas vi o filme e gostei muito.
O Stephen King é ótimo escritor, adoro seus livros de terror macabro e de suspense.Até agora não houve nenhum filme baseado em seus livros que eu não tenha gostado.O que mais me fascinou foi o Iluminado.
Beijos.
Books e Desenhos
Olá!
ResponderExcluirAinda não li o livro nem assisti o filme, então tenho menos ainda a comentar sobre ambos!
Sempre prefiro as versões originais de clássicos, independente de "efeitos especiais".
Esse é um filme que quero e muito assistir e, como você, acredito que o olhar deve ser para a atuação e a produção na época em que foram feitos e não compará-lo a algum filme da atualidade!
Ótima crítica!
Beijos!
Oiii!
ResponderExcluirNunca li o livro e nem vi o filme, mas tenho muuita vontade! Ainda mais com essa "crítica", morri de vontade de ler e ver mais ainda <3
Beeeijo, nanda
www.julguepelacapa.blogspot.com
Robledo, acho que acidentalmente vi o filme Carrie, A estranha... pq lembro claramente dessa cena na foto, que a menina tá coberta de alguma coisa, que ela foi humilhada e tals. No lugar dela, até eu ficaria com raiva... bem que poderes telecinéticos me ajudariam e muito, kkkk \o/
ResponderExcluirEu gosto do Stephen King, mas, ainda não li Carrie, A estranha. Morro de vontade, mas, sei lá ;x
O filme é bem legal, é divertido e o terror é um terror gostoso de ver, pq ele tem motivo para acontecer.
Aliás, eu lembro da Sabrina de Pokémon, até hoje gosto dela \o/
Nha, adorei a postagem. Completa e ótima \o/
Oi Robledo!
ResponderExcluirEsse filme é muito legal! acho que não chega a ser tão terror assim, mas toda a situação da Carrie é realmente chocante, ainda mais os poderes dela.
Nunca li nenhum livro do King, mas já ouvi dizer que ele é realmente muito bom, um gênio. Um dia eu ainda leio. rsrs
Bjs
Gabi Lima
http://livrofilmeecia.blogspot.com
Não sabia que Carrie, a Estranha era do Stephen King O.o
ResponderExcluirAssisti ao filme com minha mamis a muito tempo atrás. Carrie sinistra rsrsrs
Caramba vale a pena ver o filme.
Realmente não é aquele filme de terror e tal, mas tem certas partes assustadoras e sinistras, e Carrie, bom o nome do filme diz tudo, porém sinto dó dela e confesso que no final eu pensei: Bem feito! Quem mandou maltratá-la? A história envolve muitos sentimentos e reações :D
Adorei a análise!
Beijos
BabihGois
http://babihgois.blogspot.com
Oi Robledo!
ResponderExcluirAh, mais um filme de terror por aqui! Adoro!
Já vi esse filme tem um tempinho, e eu gostei! \o/ Eu vi o que saiu em 2002, não vi o original :| Quero ler o livro! Imagina?! Deve ser fantástico!!
Beijos!
Amanda
Lendo&Comentando
=)
SUPER amo esse mestre do terror, tenho o livro, tenho esse filme mas odeio aquela continuação que fizeram..eca
ResponderExcluirO JOhn Travolta novinho..rs
esse filme é perfeito
bem KING!
bjos
Raffa Fustagno
http://livrosminhaterapia.blogspot.com/
Olá, Robledo!
ResponderExcluirEu já assiti este filme duas vezes e nunca li o livro do King, apesar de morrer de curiosidade!!
Nem posso avaliar ambos de uma forma crítica porque não li o livro que inspirou o filme, mas prefiro mais a versão antiga que passava muito no SBT rs
Bjos.
Mariana Ribeiro
Confissões Literárias.
Oi
ResponderExcluirNunca li o livro, nem vi o filme, mas seus comentários me deixaram bem curiosa, acho que vou tentar locá-lo, o problema é que ando fugindo dos filmes de terror, a idade vai chagando e a gente vai ficando medrosa de mais, auahauh
Beijokas
Pah, Livros & Fuxicos
Oi :D
ResponderExcluirNunca vi o filme, mas já comecei a ler o livro duas vezes e acabei abandonando. Não que seja chato,na verdade é bem interessante, mas como tava lendo pelo computador, ficava com a vista cansada e acabava indo fazer outra coisa. Com esses comentários, fiquei com vontade de reler ^^ Qualquer dia, vou tentar lê-lo mais uma vez, só que na versão em papel mesmo rsrs
Beijos
O livro é excelente, muito bem escrito, como tudo o mais que é de autoria do grande mestre do terror. De uns tempos para cá me tornei uma super fã do Stephen King e da sua escrita hipnótica e espetacular, sem dúvida um dos melhores autores do nosso tempo (e de outros também).
ResponderExcluirNunca assisti o filme, mas é conhecido como um grande clássico e tenho muita vontade de assisti-lo, apesar de que o imagino um pouco pesado demais (mas isso pode ser apenas impressão), e também não tira a minha vontade de vê-lo.
Pelo que pude perceber no seu texto, as atuações não deixaram nada a desejar, e se a protagonista conseguiu passar um pouco dos sentimentos da Carrie, então o filme deve ser realmente espetacular. Carrie é uma personagem muito complexa, cheia de bondade por dentro mas que foi gradualmente eclipsada pelas loucuras horríveis a que era submetida constantemente pela sua mãe e também pelo bullying constante pelo qual sofria quando não estava em casa. Bem triste mesmo acompanhar a sua trajetória rumo a uma das tragédias mais conhecidas da história do terror.
Beijos!
Adoro essa seção ^^