terça-feira, 30 de agosto de 2011

[Controle Remoto #4] Carrie, A Estranha

Agosto vai chegando ao fim. Isso quer dizer que esse é o último filme de terror que vocês veem aqui na seção "Controle remoto"; o próximo mês terá um gênero diferente, decidido pelo Caíque! Então, para fechar Agosto com chave de ouro, eu resolvi trazer para vocês um clássico, quase um ícone cult do mundo do terror: Carrie, a Estranha, um filme de 1976 (houve um remake em 2002, mas prendamo-nos à versão original) baseado em um livro de Stephen King, o aclamado mestre do terror.

O filme, feito na época em que John Travolta ainda era uma pequena estrela em ascensão, mostra-nos a terrível rotina de Carrie, uma colegial extremamente tímida e assustada, que tem de conviver com o bullying praticado por suas colegas e com uma mãe extremamente religiosa, do tipo que condena a filha quando esta chega em casa avisando que, pela primeira vez, experimentou a menstruação. Carrie é uma pequena adolescente pálida e reservada (muitíssimo bem interpretada por Sissy Spacek) que sofre todos os tormentos da sua rotina de forma calada, absorvendo suas decepções como uma esponja de dor.

A mãe de Carrie, religiosa absurdamente fanática, acredita que a própria filha é uma espécie de castigo divino ao sexo praticado entre ela e seu marido - um ato, segundo ela, pecaminoso, imundo e condenável.

A única pessoa que tem o mínimo de afeto para com Carrie é a sua professora de educação física, uma mulher severa e de gênio forte, que percebe claramente o tratamento terrível recebido pela garota todos os dias e que deseja mudar essa pobre estudante, elevando-lhe a autoestima. Graças a uma série de fatores curiosos e suspeitos, Carrie recebe, de um garoto muito popular, um convite para o baile de formatura - o evento que, como sabemos da nossa cultura hollywoodiana, constitui a festa mais valorizada de todo o segundo grau americano, sendo a oportunidade perfeita para construir uma imagem ou... Humilhar alguém.

A pergunta é: onde está o terror? Simples: enquanto sofria em silêncio e padecia sem dizer uma única palavra, Carrie desenvolvia, mais involuntariamente do que por vontade própria, poderes telecinéticos. Ou seja, a garota era capaz de mover objetos simplesmente com o poder da mente, quando se concentrava o suficiente.  E não me refiro apenas ao ato de entortar uma colher ou de fazer uma caneta flutuar: Carrie podia incendiar locais e fazer com que facas se dirigissem mortiferamente ao peito de alguém, por exemplo. Quando a garota é humilhada em seu baile de formatura - uma das cenas mais singulares do filme, marcada por um silêncio sepulcral seguido de uma profusão de risos e dedos em riste -, é que seus poderes fatais começam a emergir do segredo e da ocultação, e a vingança de Carrie começa.

Carrie, sorridente em seu baile de formatura, minutos antes do colapso

Carrie, coordenando a orquestra da sua vingança

Tendo sido indicado para dois Oscars, Carrie pode nos parecer um filme amador, nos dias de hoje, graças aos seus efeitos especiais. Entretanto, é preciso aplaudir a atuação de Sissy Spacek, que de uma hora para a outra se transforma de uma pobre e solitária adolescente para um monstro de destruição em massa, coberto de sangue e com sede de morte - andando lentamente, com olhos esbugalhados, acompanhada por uma trilha sonora singularmente aterrorizante. O filme é bem curto (uma hora e trinta e oito minutos), mas já é o suficiente para plantar uma pequena semente de medo em seus espectadores, além de estimular o interesse por temas como a telecinésia (lembram da Sabrina, de Pokémon? Ou da Jean Grey, do X-Men? Ambas possuíam poderes telecinéticos).

Eu não sei dizer a relação precisa entre o livro de Stephen King e o filme, mas nenhuma das críticas que li assegurava que a obra dirigida por Brian de Palma (Missão Impossível, 1996) encontrava-se aquém do terror de King. De uma forma ou de outra, são dois tipos de arte diferentes, e compará-las pode ser uma atividade deveras perigosa. Carrie, a Estranha, o filme, foi feito para ser apreciado e provocar terror e reflexão, tanto sobre a pressão à qual uma adolescente normal é exposta quanto sobre questões como o fanatismo religioso e suas consequências. O filme já foi feito há mais de trinta anos, mas ainda tem um quê de atemporal.





13 comentários:

  1. Olá!

    Em primeiro lugar: adorei a coluna Controle Remoto. Já tinha ouvido falar tanto do livro e do filme, mas nunca tinha me interessado. O post foi super bem escrito e tudo mudou, agora sim, tanto livro, quanto filme vão entrar pra lista de compras! Parabéns!

    Beijo!
    http://janinestecanella.blogspot.com/

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  2. Oi
    Nunca li o livro, mas vi o filme e gostei muito.
    O Stephen King é ótimo escritor, adoro seus livros de terror macabro e de suspense.Até agora não houve nenhum filme baseado em seus livros que eu não tenha gostado.O que mais me fascinou foi o Iluminado.
    Beijos.

    Books e Desenhos

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  3. Olá!
    Ainda não li o livro nem assisti o filme, então tenho menos ainda a comentar sobre ambos!
    Sempre prefiro as versões originais de clássicos, independente de "efeitos especiais".
    Esse é um filme que quero e muito assistir e, como você, acredito que o olhar deve ser para a atuação e a produção na época em que foram feitos e não compará-lo a algum filme da atualidade!
    Ótima crítica!
    Beijos!

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  4. Oiii!
    Nunca li o livro e nem vi o filme, mas tenho muuita vontade! Ainda mais com essa "crítica", morri de vontade de ler e ver mais ainda <3

    Beeeijo, nanda
    www.julguepelacapa.blogspot.com

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  5. Robledo, acho que acidentalmente vi o filme Carrie, A estranha... pq lembro claramente dessa cena na foto, que a menina tá coberta de alguma coisa, que ela foi humilhada e tals. No lugar dela, até eu ficaria com raiva... bem que poderes telecinéticos me ajudariam e muito, kkkk \o/
    Eu gosto do Stephen King, mas, ainda não li Carrie, A estranha. Morro de vontade, mas, sei lá ;x
    O filme é bem legal, é divertido e o terror é um terror gostoso de ver, pq ele tem motivo para acontecer.
    Aliás, eu lembro da Sabrina de Pokémon, até hoje gosto dela \o/
    Nha, adorei a postagem. Completa e ótima \o/

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  6. Oi Robledo!
    Esse filme é muito legal! acho que não chega a ser tão terror assim, mas toda a situação da Carrie é realmente chocante, ainda mais os poderes dela.
    Nunca li nenhum livro do King, mas já ouvi dizer que ele é realmente muito bom, um gênio. Um dia eu ainda leio. rsrs

    Bjs
    Gabi Lima
    http://livrofilmeecia.blogspot.com

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  7. Não sabia que Carrie, a Estranha era do Stephen King O.o
    Assisti ao filme com minha mamis a muito tempo atrás. Carrie sinistra rsrsrs
    Caramba vale a pena ver o filme.
    Realmente não é aquele filme de terror e tal, mas tem certas partes assustadoras e sinistras, e Carrie, bom o nome do filme diz tudo, porém sinto dó dela e confesso que no final eu pensei: Bem feito! Quem mandou maltratá-la? A história envolve muitos sentimentos e reações :D
    Adorei a análise!

    Beijos
    BabihGois
    http://babihgois.blogspot.com

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  8. Oi Robledo!

    Ah, mais um filme de terror por aqui! Adoro!
    Já vi esse filme tem um tempinho, e eu gostei! \o/ Eu vi o que saiu em 2002, não vi o original :| Quero ler o livro! Imagina?! Deve ser fantástico!!

    Beijos!
    Amanda
    Lendo&Comentando
    =)

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  9. SUPER amo esse mestre do terror, tenho o livro, tenho esse filme mas odeio aquela continuação que fizeram..eca

    O JOhn Travolta novinho..rs

    esse filme é perfeito

    bem KING!

    bjos
    Raffa Fustagno
    http://livrosminhaterapia.blogspot.com/

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  10. Olá, Robledo!
    Eu já assiti este filme duas vezes e nunca li o livro do King, apesar de morrer de curiosidade!!
    Nem posso avaliar ambos de uma forma crítica porque não li o livro que inspirou o filme, mas prefiro mais a versão antiga que passava muito no SBT rs
    Bjos.

    Mariana Ribeiro
    Confissões Literárias.

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  11. Oi

    Nunca li o livro, nem vi o filme, mas seus comentários me deixaram bem curiosa, acho que vou tentar locá-lo, o problema é que ando fugindo dos filmes de terror, a idade vai chagando e a gente vai ficando medrosa de mais, auahauh

    Beijokas

    Pah, Livros & Fuxicos

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  12. Oi :D

    Nunca vi o filme, mas já comecei a ler o livro duas vezes e acabei abandonando. Não que seja chato,na verdade é bem interessante, mas como tava lendo pelo computador, ficava com a vista cansada e acabava indo fazer outra coisa. Com esses comentários, fiquei com vontade de reler ^^ Qualquer dia, vou tentar lê-lo mais uma vez, só que na versão em papel mesmo rsrs
    Beijos

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  13. O livro é excelente, muito bem escrito, como tudo o mais que é de autoria do grande mestre do terror. De uns tempos para cá me tornei uma super fã do Stephen King e da sua escrita hipnótica e espetacular, sem dúvida um dos melhores autores do nosso tempo (e de outros também).

    Nunca assisti o filme, mas é conhecido como um grande clássico e tenho muita vontade de assisti-lo, apesar de que o imagino um pouco pesado demais (mas isso pode ser apenas impressão), e também não tira a minha vontade de vê-lo.

    Pelo que pude perceber no seu texto, as atuações não deixaram nada a desejar, e se a protagonista conseguiu passar um pouco dos sentimentos da Carrie, então o filme deve ser realmente espetacular. Carrie é uma personagem muito complexa, cheia de bondade por dentro mas que foi gradualmente eclipsada pelas loucuras horríveis a que era submetida constantemente pela sua mãe e também pelo bullying constante pelo qual sofria quando não estava em casa. Bem triste mesmo acompanhar a sua trajetória rumo a uma das tragédias mais conhecidas da história do terror.

    Beijos!
    Adoro essa seção ^^

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