[Resenha] Ally Condie - Destino

Sinopse: Cassia tem absoluta confiança nas escolhas da Sociedade. Ter o destino definido pelo sistema é um preço pequeno a se pagar por uma vida tranquila e saudável, um emprego seguro e a certeza da escolha do companheiro perfeito para se formar uma família. Ela acaba de completar 17 anos e seu grande dia chegou: o Banquete do Par, o jantar oficial no qual será anunciado o nome de seu companheiro. Quando surge numa tela o rosto de seu amigo mais querido, Xander - bonito, inteligente, atencioso, íntimo dela há tantos anos -, tudo parece bom demais para ser verdade.Quando a tela se apaga, volta a se acender por um instante, revelando um outro rosto, e se apaga de novo, o mundo de certezas absolutas que ela conhecia parece se desfazer debaixo de seus pés. Agora, Cassia vê a Sociedade com novos olhos e é tomada por um inédito desejo de escolher. Escolher entre Xander e o sensível Ky, entre a segurança e o risco, entre a perfeição e a paixão. Entre a ordem estabelecida e a promessa de um novo mundo.

O tão famoso e bem comentado “Destino” de Ally Condie entrou em minha vida, como muitos dos livros que leio atualmente, em uma resenha. A Mari do “A Leitora” ganhou um exemplar do mesmo bem antes do lançamento agora em Abril, como muitos outros blogs, para ler e ir divulgando o livro, o que deu bastante certo. A sinopse, como podem ver acima, vende bastante, pois é misteriosa e instigadora. Mas não esperem isso da história em si.Cassia é uma protagonista morna, que não desenvolve sua obediência total à Sociedade em revolta pelos próprios direitos gradualmente, ela surge de repente com tudo isso no final. Os outros personagens não igualmente desinteressantes, nenhum vai tirar risadas ou falar algo que te fará refletir em algo por muito tempo. Assim, o leitor não se vê na história, muito menos reconhece alguém de seu cotidiano.

Será que se apaixonar pela história de uma pessoa é a mesma coisa que se apaixonar pela própria pessoa?

O cenário é exacerbadamente normal e pouco detalhado, não entramos realmente no lugar onde a personagem está, e isso interfere no gosto pela obra totalmente. Escrito em primeira pessoa, o livro cria uma conexão com a personagem bem forte, realmente entendemos quando ela diz algo que está sentindo, ou pensa uma coisa, mas não sentimos pena ou alegria por ela, há essa ligação sem identificação.

A Sociedade parece um governo impessoal e injusto, e é revoltante ver que ninguém luta contra esse sistema, todos só ficam de “cabeça baixa” obedecendo tudo que lhes é ordenado. A falta de acontecimentos valorosos, que mexam com a história, deixa muito a desejar, porque o comentário comum que eu poderia dar é: chato. Já o comentário como blogueiro: monótono. O livro se resume a isto, Cassia decidindo se fica com Xander, seu par e amigo, aceitando a segurança da Sociedade e tudo que ela impõe em sua vida, ou se fica com Ky, seu vizinho reservado, a total insegurança. A sinopse, que como eu já disse vende superbem, ilude os leitores que haverá essa disputa, essa dúvida entre os dois. Mas não há, com exceção de alguns poucos capítulos. Cassia está ligada a um deles, o qual ela escolhe no final – sem spoilers por favor – e é óbvio que ela irá escolhê-lo desde o começo do livro.

Todo esse clima criado pelo controle que a Sociedade detêm sobre a população é totalmente verdade, há coisas inteligentes como o controle de comida, onde cada um recebe a refeição que melhor irá nutri-lo, com as calorias e nutrientes certos e especificados para cada um, há coisas duvidosas como o controle da cor das roupas, dos modelos das roupas, da limitação das 100 coisas – a Sociedade separou 100 músicas, 100 livros, 100 pinturas, 100 “tudo” para guardar e usar como “cultura” e todo o resto foi destruído – e outros aspectos realmente chocantes, como a escolha do seu par para toda a vida, a escolha das suas atividades recreativas e a idade exata que você deve morrer.

Hoje é domingo. Meu avô faz 80 anos, e por isso vai morrer esta noite.

O grande ponto negativo da obra é essa monotonia, essa falta de ação, nada de interessante acontece para prendê-lo ao mesmo, para fazer com que você passe as páginas mais rápido para saber logo o que irá acontecer, o que torna a leitura realmente chata. Vi que muitas pessoas na blogosfera culpam a “chatice” por ser o primeiro livro da série, ser a apresentação e tudo mais, porém não há desculpa. “Feios” é muito similar a “Destino” e, de sua metade em diante, coisas interessantes acontecem e te prendem a ele, e é o primeiro livro da série homônima, então não tem desculpa. Queria muito ter gostado de ler o livro e de estar ansioso para ler a continuação, mas não estou nem um pouco. Lembrando que aqui estou expressando a minha opinião sobre o livro e nada mais ok.
A estrutura do livro é muito bem desenvolvida, a diagramação, a disposição dos capítulos, tudo veio perfeito sem erros gramaticais, manchas, dobras, tudo certo mesmo, um pontão para a editora.

O modo de escrita de Ally é o que me segurou um pouco mais à obra, ela aponta para o que quer sem detalhar o físico, ela fala e fala só de coisas abstratas. Outra marca de sua escrita, muito bem colocada por sinal, é a realidade que deu à protagonista quando ela estava em determinada situação e algo fazia lembrar-se de outra situação passada, e ela descreve para o leitor como se estivesse vivenciando aquilo naquele exato momento, isso te situa um pouco mais na história. A temática envolvendo os comprimidos azul, verde e vermelho é bem interessante, e todo o rumor que eu li em outras resenhas sobre o comprimido vermelho vem por água abaixo no fim do livro. Sem pontos altos e baixos num constante nível de importância dos acontecimentos, “Destino” não me atraiu, aliás, frustrou-me bastante. Pode ser que toda essa minha decepção em excesso seja proveniente das expectativas que criei, de quanto eu o queria e do quanto falam bem do mesmo na blogosfera. Tudo isso se acumulou para a decepção já citada. Não recomendo e dou a menor nota que já demos aqui no blog para o livro. Por mais que a autora escreva bem, não o recomendo de jeito ou maneira. Trata-se de mais uma ficção monótona, chata e vulgarmente falando, “sem sal”. Eu não acho justo dar uma nota legal só porque o livro foi bem escrito quando não há uma boa história bem desenvolvida. O design do livro é ótimo, a capa é linda e tem um significado todo especial com o conteúdo, parabéns à editora.

Cassia tem seu destino controlado pela Sociedade? Claro. Cassia fica dividida em escolher da maneira que pode Ky ou Xander? Talvez. Cassia é a protagonista de um livro super-legal e empolgante? Qual você acha que é minha resposta dessa vez, sociedade?

Uma vez que você quer algo, tudo muda. Agora eu quero tudo. Mais, e mais, e mais.

Título: Destino
Autora: Ally Condie
Editora: Objetiva (Selo "Suma de Letras")

Número de páginas: 239

Avaliação: 2,5 de 5