[Resenha] Rick Riordan - A Maldição do Titã: Graphic Novel

E quem disse que só os filmes não fazem jus aos livros que os originam?

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Ler Percy Jackson é extremamente saudável para mim. A escrita de Rick, tão simples ao mesmo tempo que amarra complexidades mitológicas e relações divertidas, nunca deixa de favorecer o humor do meu dia. Porém nenhuma obra é infalível, e neste exemplar em graphic novel do terceiro volume da série Percy Jackson e os Olimpianos, cedido por nossa parceira Intrínseca, posso dizer que tive sorte em conseguir finalizar a leitura. O enredo instigante de A Maldição do Titã, infelizmente, foi duramente adaptado.

Percy está de volta em mais uma missão. Cronos, o Senhor dos Titãs, arquitetou um de seus planos mais traiçoeiros: despertar um monstro ancestral com poder suficiente para destruir o Olimpo –, e Ártemis, a única deusa capaz de encontrá-lo, desapareceu em uma caçada. Percy e seus amigos – entre eles, dois novos meio-sangues de ascendência desconhecida – têm apenas uma semana para localizar a deusa sequestrada e solucionar o mistério do monstro que ela perseguia. O herói e seus aliados encontram-se agora diante do maior desafio de suas vidas: a terrível profecia da maldição do titã.

Como justifiquei na resenha da graphic anterior, desconheço o quanto o escritor se envolve nesse tipo de adaptação. A Maldição é um dos livros mais profundos e obscuros da série e o modo com que foi trabalhado na versão em pauta ficou bem aquém do esperado. Várias sequências de diálogo e interações com o cenário/plano de fundo são confusas, as cenas são amarradas muito superficialmente e, por mais que eu tenha lido a obra original há anos, lembro-me da inexistência de tal lacuna na qualidade narrativa. Apesar do todo demonstrar a escolha de fragmentos pertinentes em detrimento a outros que ficaram de fora, todos os momentos eram representados em um caráter mais paralelo do que partes sequenciais de uma linha de pensamento.

Nada me incomodou mais, contudo, que a problemática com os traços aplicados. Não sou nenhum especialista em quadrinhos, entretanto é impossível fechar os olhos aos desenhos rudes, os personagens colocados sem qualquer cuidado, detalhes extremamente mal feitos, as dificuldades com gêneros e uma violenta queda na beleza dos quadros comparado às versões antecedentes; as discrepâncias visuais são gritantes. Em casos assim, é mais eficiente exemplificar mostrando do que apenas dizendo, logo:

Percy retratado na mesma HQ. A diferença é tão explícita que nem preciso recorrer às graphics anteriores para argumentar o que digo.

Bianca, uma nova semideusa, em quadros de uma mesma página.

A personagem Thalia na graphic de O Mar de Monstros e na obra sucessora.

Nas laudas acima, Percy e Thalia estão usando exatamente as mesmas vestimentas e os traços não auxiliam de forma alguma descobrir quem é quem.

Nas graphic novels da série, Robert Venditti (adaptador) e Attila Futaki (artista) mantiveram-se em seus postos, ao contrário do colorista. As cores que Greg Guilhaumond trouxe às cenas noturnas foram mais eficientes que as diurnas e vespertinas, ao meu ver. Quando havia muita iluminação ou locais bem abertos, a falta de qualidade visual já mencionada evidenciava-se e o tom de um rascunho, não algo finalizado, permanecia no ar.

Aprecio a diagramação da editora e não saberia afirmar se a impressão influenciou em algo, nesse caso, em minha experiência negativa com o livro. É ótimo relembrar uma história que gostei tanto na época em que a experienciei, mas o gosto amargo que sobra após a tentativa estupidamente falha de interpretá-la é desapontador. Espero mais zelo com a versão que farão de A Batalha do Labirinto, mas sinceramente, permaneço na dúvida do quê aguardar, de fato, de qualquer adaptação literária atualmente.

Título: A Maldição do Titã: Graphic Novel.

Autor: Rick Riordan.

Editora: Intrínseca.

Adaptação, Arte & Cores: Robert Venditti, Attila Futtaki e Greg Guilhaumond; respectivamente.

Adaptação de miolo e capa: ô de casa.