[Resenha] L.J. Smith - Círculo Secreto #1: A Iniciação

Sinopse: A história começa quando Cassie se muda da Califórnia para New Salem, depois de passar as férias em Cape Cod, e começa a se sentir estranhamente atraída pelo grupo de jovens que domina sua nova escola. Cassie logo é iniciada no Círculo Secreto, uma irmandade de bruxas que controla a cidade há séculos, numa aventura ao mesmo tempo fascinante e mortal. Ao se apaixonar pelo sombrio Adam, será preciso escolher entre resistir à tentação ou lutar contra forças obscuras para conseguir o que deseja - mesmo que um simples passo em falso possa significar a sua destruição.

- O Poder é só o Poder - disse Diana, cansada, sem se virar. - Não é bom nem ruim. O modo como o usamos é que é bom ou ruim.

Como um aficionado declarado por séries de TV, assim que soube da estreia da série "The Secret Circle", permaneci ansioso pela estreia, que por mais morna que fosse, traria um assunto pouco trabalhado na televisão atualmente: bruxaria tradicional. Sim, com cristais, feitiços em livros antigos e associações secretas. Descobrir que tudo foi baseado no livro homônimo de L.J. Smith - a mesma autora de "The Vampire Diaries" - fez-me dar um passo em falso, afinal a série é muitíssimo melhor que o livro correspondente. O que faria "Círculo Secreto" ser um caso à parte?

Céu e mar, não deixem o mal de mim se aproximar.

Perdoem-me, mas não há como redigir esta resenha colocá-la páreo a páreo com a série em questão. A obra é a percursora de uma trilogia, logo não é difícil encontrar muitas apresentações, nada exagerado. O livro logra da proeza de possuir sua parte iniciativa bem sucinta, sem fadigar ou entediar o leitor rapidamente. Apesar disso, o começo poderia ter sido bem mais interessante se não soubéssemos o que Cassie realmente era, mas isto fica exposto na sinopse, contracapa, "orelha", etc. É o mesmo problema de "Sereia", o leitor é privado do prazer da descoberta.

A narrativa em primeira pessoa tende a nos aproximar da protagonista, e assim funciona. Entretanto desde o início, Cassie se revela uma jovem carente e céptica; sua personalidade desinteressando o leitor a prosseguir com avidez na leitura. L.J. Smith consegue criar ótimos argumentos e altercações e encaixar dramas, mas com uma personagem principal nada carismática e uma ausência significativa de qualquer ação fazem da leitura, no mínimo, enfadonha.

- O nosso Nick? A única maneira de ele te olhar é ter quatro rodas e embreagem.- E além do mais, ele é comprometido - disse Faye, e seu sorriso lembrou a Cassie um felino selvagem preparando um bote.

Assim como na leitura de "Diários do Vampiro", com "O Despertar" e "O Confronto", tem-se a impressão de que o resultado teria a possibilidade de superar a si mesmo, como se a autora se contivesse um pouco no momento de criação. Essa sensação que temos em ambas as séries define-se pela teoria de que Lisa escreveu um único e extenso livro, e que foi grosseiramente dividido em três partes - provavelmente para maior faturamento - já que o final não é exatamente uma conclusão comum, é como um corte de um capítulo para outro, sem um desfecho propriamente dito.

A cartela de personagens oferecida é bem variada, e eles são melhores e bem mais construídos que os pertencentes à série, mas isso não salva o todo da invariabilidade. A descrição em alguns momentos é exagerada e desnecessária, não empolga e tira a concentração do foco do enredo. Toda a mitologia bruxa é válida e inteligente, conectada do começo ao fim sem deixar fios soltos, um moderno método de se usar o mito de Salém há muito não abordado. Percebe-se que houve uma pesquisa profunda feita ao redor da temática, muito bem atribuída por sinal.

O cordão prateado prateado nunca poderá ser rompido. Suas vidas estão ligadas. Não podem escapar um do outro mais do que podem escapar do destino.

O enredo está a evoluir gradativamente, e o leitor acompanha fielmente com o objetivo de saciar a sede da curiosidade que o leva a prosseguir. Entretanto, o texto atribui muito mais um romance que uma sequência considerável de ações, há rituais e mistérios que os ronda e nada mais, não aprecia-se o suficiente deste mundo criado por Jane para interagirmos e tornarmo-nos íntimos do mesmo. É um enredo para passar o tempo, não se tornar fã.

A amor abordado é afobado e romântica demais; a ligação que entre os enamorados que os liga não foi bem utilizada e acabou por não se definir inconcussamente. Talvez a continuação seja o clímax de todos os conflitos, mas este primeiro volume não se impõe o suficiente. A diagramação está impecável, na mesma qualidade que o livro chegou, permaneceu. Com sua textura aveludada e seu trabalho minucioso de envernização, chegou ao ápice da beleza que um livro assim poderia alcançar. A tipografia também ajuda a criar o clima sobrenatural, mas acredito que o espaçamento do texto com os limites da página poderia ter sido menor.

As peças do quebra-cabeça estavam todas ali. Eu só não quis encaixar.

Pela época de festas, li e demorei um pouco mais para escrever sua resenha, além de ter iniciado outra leitura, o que atrapalhou um pouco a qualidade do texto, peço desculpas por este acaso. "Círculo Secreto" poderia mesmo ter sido superior e principalmente, ter suprido minhas expectativas mais que a série, porém não foi o que ocorreu e continuo achando as adaptações televisivas das obras de Smith bem mais apreciativas que as obras originais, valendo mais a pena assistir que ler, neste caso. Uma pena, infelizmente.

Cassie sentiu no mesmo instante, o mal dominante. Algo disparando para eles numa velocidade inacreditável. Algo que precisava ser detido.

Título: Círculo Secreto #1: A Iniciação.

Autora: L. J. Smith.

Editora: Galera Record.

Número de páginas: 256.
Avaliação: 3,5 de 5.