segunda-feira, 27 de maio de 2013

[Resenha] Rick Riordan - A Marca de Atena

A mão que escreve é a mão que escraviza.
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Uma das mais vastas habilidades de escrita de Rick Riordan é nos deixar enlouquecidos ao final de suas obras, com términos que requerem uma continuação imediata. Quando concluí “O Filho de Netuno”, não foi diferente, eu simplesmente precisava de “A Marca de Atena” o quanto antes. Isso veio a acontecer graças à nossa parceira, a Editora Intrínseca, que me forneceu um exemplar de leitura para esta análise. Apesar da dificuldade, não haverá spoilers, mas se não leu “O Herói Perdido” ou seu sucessor, leia a citação e pule o parágrafo a seguir – a sinopse – e nos vemos mais adiante.
— Deuses do Olimpo! [...] — O que aconteceu com você?
O seu cabelo estava untado para trás. Ele tinha óculos de proteção de solda na testa,
uma marca de batom na sua bochecha, tatuagens por todo o braço e uma camisa que se lia COISA GOSTOSA, BAD BOY E TIME LEO.
— Longa história. [...]
Após derrotar o gigante Polibotes fora de sua terra natal, Percy Jackson não poderia estar mais feliz. Havia salvado o Acampamento Júpiter, recuperou totalmente sua memória e Annabeth vinha ao seu encontro no Argo II, o navio construído para que os sete semideuses da Profecia impedissem o despertar de Gaia. Mas como tudo na vida de Percy, nada é fácil. A Mãe Terra enviara eidolons, espíritos de possessão, para que gregos e romanos não viessem a se unir para combatê-la e ficassem uns contra os outros, levando os Sete a fugirem às pressas na embarcação mágica e os campistas romanos a rumarem para impedi-los e atacar o Acampamento Meio-Sangue. Com Nico sequestrado por gigantes gêmeos, eles terão que viajar às terras antigas, lugares onde nenhum semideus ousa colocar os pés, salvá-lo da morte iminente enquanto Gaia e seus filhos planejam destruir a Roma original dentro de cinco dias e tramam para que a única seguidora da marca de Atena que poderia pôr fim às desavenças grego-romanas caia em sua teia de armadilhas mortais.
Percy piscou, "Então seu irmão é um cavalo alado. Mas você também é meu meio-irmão, o que significa que todos os cavalos alados do mundo são meus... Quer saber? Vamos deixar isso pra lá."
“A Marca de Atena” confirma algo que é dito desde o primeiro livro da série Percy Jackson e os Olimpianos: a vida de um semideus é bem complicada. A cada momento, os heróis do Olimpo se veem em tantos desafios entre a vida e a morte que imaginamos por quanto tempo poderão sobreviver. A agonia ininterrupta compromete definitivamente nossa saúde cardíaca, já que a cada fim de capítulo estamos com o coração na mão. Há um excesso favorável de acontecimentos sobrepostos que ritmam o texto, de modo que na conclusão dos tais capítulos, há uma necessidade intensa de prosseguir com a leitura e saber o que acontecerá em seguida. Li tudo em dois dias.
- [...] Ah... Não me refiro ao tipo moderno de circo, lembre-se. Isso requereria palhaços e eu odeio palhaços.
- Todo mundo odeia palhaços [...] Até outros palhaços odeiam palhaços.
Com a quantidade extensa de sete co-protagonistas, Riordan se sobressai ao se dedicar a personagens específicos em cada obra, introduzindo três em “O Herói Perdido”, dois em “O Filho de Netuno” e dando ênfase a outros dois já conhecidos em “A Marca de Atena”. Refleti sobre isso em minha última resenha da saga, onde afirmava que a estratégia empreendida era como uma “preparação do terreno” para o que realmente interessava e que estava por vir nos livros seguintes; apuração rara hoje em dia onde as pessoas escrevem e leem sob contextos arremessados e impostos. Seus dois antecessores cumpriram proficuamente a função de apresentar, moldar, limitar e tornar cativantes os novos personagens, a fim de que nos enredos posteriores já estivessem prontos para agir de acordo com suas próprias personalidades sem a necessidade de explicar o porquê de serem assim. Corajoso, não?
— Isso é tolice. [...] Está apenas atrasando a sua morte.
— Atrasar a morte é um dos meus passatempos favoritos.
Logo “tio Rick” não falha na construção dos coadjuvantes e antagonistas da história, que para a “sorte” dos heróis, não são poucos; de peixes-centauros a gigantes gêmeos que sempre combinam suas roupas, mesmo sem acordar antes. Ele aumenta sua própria mitologia utilizando a cultura greco-romana e entristeço-me por aqueles que não a aprendem através de seus livros, é bem menos complicado e infinitamente mais divertido, além de não forçar o ledor a decorar informações e contos. O humor astuto do livro não permanece, em sua maioria, sob o poder dos monstros como em “O Filho de Netuno”, porém com a volta de personagens hilários de “O Herói Perdido”, há uma possibilidade muito maior de nos fazer rir com louvor. Faz a leitura fluir simples, rápida, sem perder a profundidade dos acontecimentos em volta.
- [...] Lorde Baco, você se lembra de mim? Eu o ajudei com aquele leopardo perdido em Sonoma.
Baco coçou o queixo áspero. — Ah, sim... John Green.
— Jason Grace.
— Tanto faz.
A profundez do volume, aliás, demonstra que conforme seus personagens crescem, eles amadurecem ao lado de seus conflitos. Há uma noção muito mais justa e realista do que vivem e as crianças que outrora foram obrigadas a recuperar o raio-mestre de Zeus e sair vivas do labirinto mortífero de Dédalo se tornaram jovens fortes e conscientes dos problemas comuns da juventude; como o amor, a necessidade de ser aceito, os relacionamentos e as preocupações com o futuro, por exemplo. Isso permeia um cuidado especial do escritor para com seu público-alvo, em não só escrever para vender e sim pensando em para quem irá vender. Uma prova disso é a maneira como os deuses mitológicos são representados, tão bufos e engenhosos que não há um embate com as crenças religiosas de ninguém. Rick Riordan sabe o que está fazendo.
— Sim, mas... Eu poderia ter matado você.
— Ou eu poderia ter matado você. [...]
— Se houvesse um oceano no Kansas, talvez.
— Eu não preciso de um oceano...
— Meninos [...] tenho certeza de que ambos seriam maravilhosos em matar um ao outro. Mas, agora, vocês precisam descansar um pouco.
Através da preparação do plano de fundo da saga, havia uma ansiedade para saber como os Sete iriam se relacionar entre si, diante dos jeitos e trejeitos contrastantes que podemos observar nos livros anteriores. A interação deles é simpática e entretêm; com poucos capítulos já parece que estão juntos há anos – mesmo que nem sempre seja uma interação pacífica. Trata-se de uma importante medida com o objetivo de que o leitor não se sinta desconfortável diante de tantos focos não-narrativos e narrativos, que o autor supera na obra com quatro narradores e bastante jogo de cintura. A diagramação brasileira permanece idêntica às outras d’Os Heróis do Olimpo, não deixando a desejar com esse espetacular design de capa – um padrão pelo qual me apaixonei desde “O Ladrão de Raios” – e páginas resistentes e uniformizadas com seus números romanos para os capítulos e tipografia adequada aos propósitos da troca da narratividade.
— Você está certo. — Percy disse. — Nenhum sinal do cara do vinho.
— Me desculpe? — Disse uma voz dos campos [...] Alguém acabou de me chamar de cara do vinho? — Ele perguntou num sotaque preguiçoso. — É Baco, por favor. Ou Sr. Baco. Ou Lorde Baco. Ou, às vezes, Oh-Meus-Deuses-Não-Me-Mate, Lorde Baco.
Tanto quanto seus precursores, “A Marca de Atena” é eficiente, tira risadas e é impossível de abandonar. Com adicionais que só foram possíveis de encaixar agora que as cartas estão na mesa, há muito para acontecer e pouca vontade de aguardar “A Casa de Hades”, sua continuação. Quanto mais avanço pelos livros da saga e quanto mais os aprecio, mais difícil é criticá-los, principalmente com ausência de spoilers e sem se tornar repetitivo ou redundante. Logo me recolho à chance de não resenhar as obras seguintes, mas quem sabe? Não há meios de prever as ações de um filho de Atena quando o mesmo nada em seus próprios pensamentos. Aos meus corajosos irmãos, só aconselho uma coisa: sigam a marca. ΑΘΕ
- [...] Ser um herói não significa que você é invencível. Significa apenas que você é corajoso o suficiente para se levantar e fazer o que é necessário.

Título: A Marca de Atena (Os Heróis do Olimpo #3).
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca (cortesia).
Número de Páginas: 480.
Tradução: Raquel Zampil.

16 comentários:

  1. ADOREI! Terminei MdA ontem e amei.

    Seus quotes me fizeram rir novamente. Super ansiosa pela "A Casa de Hades"

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  2. Nem me atrevo a ler sua resenha! Começo O Herói Perdido amanhã, sem falta! Hahahahahaha *-* A não ser que o sr. Gabriel esqueça de levar aí... A culpa é dele. Mas... Ah! Eu quero tanto ler logo essa série, sempre tive mais vontade dela do que de PJO :X
    Enfim, farei um comentário decente, juro, quando eu conseguir ler o livro! rs


    Beijos, Nanda
    Julgue pela Capa

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  3. Oi Caíque!!

    Ainda ame sinto mal por não ter lido nenhum livro do tio Rick. Da próxima vez que encontrar com a Nanda vou pedir a coleção de Percy Jackson pra ela e começar a entrar nesse mundo tão maravilhoso que ele criou.

    A resenha está ótima! Atiçou mais ainda a minha vontade de ler. rsrs

    Beijos,
    Gabi Lima
    http://livrofilmeecia.blogspot.com.br

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  4. Esses quotes... HUASUHASHUASHUASUH

    De fato o personagem foco que eu mais gostei de ler foi o Capitão Leo. É de longe o personagem que eu mais me identifico em toda a série. Claro que Annabeth e Percy tiveram focos muito tensos e divertidos também, a única que eu não fui muito chegado em MdA foi a Piper, não sei porquê, acho que ela é muito mela-mela, mesmo considerando que ela é filha de Afrodite, não era assim no Herói Perdido :(

    De qualquer modo, ainda estou na reta final, a tensão está me dominando, não quero terminar o livro com o House of Hades ainda distante das nossas mãos ç.ç



    Amei a sua resenha, de verdade, spoilers mínimos e quotes perfeitos *-*




    Abraço!

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  5. - [...] Ser um herói não significa que você é invencível. Significa apenas que você é corajoso o suficiente para se levantar e fazer o que é necessário.

    Que frase épica, curti muito a resenha, parabéns !

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  6. Que legal! Gostei da resenha.

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  7. Resenha muito boa, estou louca pra ler esse livro, pedi de presente de aniversário. E que venha the house of Hades!

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  8. Loucura de livro, sério. Mais um que eu tinha que dar uma pausa uma vez ou outra, ou era chorando, ou era rindo. Demais, demais. E a resenha ficou íncrivel. Vou acompanhar o blog de agora em diante.

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  9. Ótima resenha. O livro é maravilhoso, e sem duvida é também o que mais me deixou ansiosa para ler o próximo.

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  10. Muito boa a resenha, ansioso para ler o livro (:

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  11. Huashuashaushash John Green!

    Ainda não li Filho de Netuno (mesmo tendo o livro em casa, mas por falta de vontade não é). É tãããão difícil resistir aos spoilers.

    Incrivel como Tio Rick consegue colocar vários personagens e a historia nao fica confusa ou chata ou monótoma ou... sei lá. É perfeito para qualquer idade. Mal vejo a hora de ele lançar as outras séries (mitologia nórdica então... aiai <3 ) (Nossa, mal terminou a saga Heróis do Olimpo e já quero outra heheh)

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  12. Ai Caíque... com essa resenha eu estou me coçando pra ler o livro agora! Ainda estou presa no meio de um outro, e nossa, não consigo avançar as paginas rápido como eu gostaria, e poxa vida. Agora estou tãão empolgada pra ler a Marca de Atena que vou largar esse aqui de lado pra ler Rick Riordan logo!!!! A resenha foi tão bacana, que se eu não estava ansiosa pra ler antes, agora eu estou.
    Grande abraço!

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  13. Tô louca pra ler a serie herois do olimpo, mas a inteligencia suprema aqui comprou todos os livros menos o primeiro e agora o último hehehe

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  14. ótima resenha, sou fã de percy jackson desde 2011 e tô louca pelo livro apesar de saber vários spoilers :(

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  15. Spoilers são, em minha humilde opinião, Letícia, uma das maldições imperdoáveis de nossa era. A questão é só mandar um Matrix #bolado pra desviar de todos xD Obrigadão por comentar, um bjo e volte sempre!

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  16. Vi uma resenha mega negativa há um tempão acerca de "Tequila Vermelha" que me desmotivou legal na época de comprar, aí até esqueci praticamente. Por mais que seja do Rick, não tenho muita vontade de ler mesmo esse em questão. Por outro lado, sou DOIDO pra pegar "O Labirinto de Ossos" e saber como é, mas a série com muitos volumes dá aquela freiada no impulso, rsrs.

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