Sem spoilers
Era
uma vez um menino que tinha uma grande amiga. Esta, um belo dia, indicou-lhe a
trilogia de filmes de “O Senhor dos Anéis”. Desde então, o menino almejava ler
algo do autor que dera origem àquela realidade tão fantástica e única. Em outra
agradável manhã, o menino conseguiu realizar o seu desejo e resolveu tentar
escrever tudo aquilo que a obra lhe passou. Mas o menino nunca descobriu se bem
o executou, tão somente o fez sem hesitar.
- [...] Agora, vá depressa e volte logo, se tudo estiver bem. Caso contrário, volte se puder! Se não puder, pie duas vezes como uma coruja, e uma vez como um mocho, e faremos o que estiver ao nosso alcance.
Bilbo
Bolseiro é um hobbit que leva uma vida confortável e sem ambições, raramente
aventurando-se para além de sua despensa ou sua adega. Mas seu contentamento é
perturbado quando Gandalf, o mago, e uma companhia de anões batem à sua porta e
levam-no para uma expedição. Eles têm um plano para recuperar seu tesouro roubado
por Smaug, o Magnífico, um grande e perigoso dragão. Bilbo reluta muito em
participar da aventura, mas acaba surpreendendo até a si mesmo com sua
esperteza e sua habilidade como ladrão!
Para além das montanhas, nebulosas e friasAdentrando cavernas, calabouços perdidosDevemos partir antes de o sor surgir,Buscando tesouros há muito esquecidos.
Quando
as coisas são para acontecer, elas simplesmente ocorrem sem impedimentos.
Tolkien o escreveu para seus filhos e acabou se tornando um dos livros mais
conhecidos, lidos e influentes da face da Terra. Comparando o enredo e as
temáticas abordadas atualmente, a obra talvez não se encaixasse no gênero
infantil se lançado hoje em dia, pois sim, enquanto “O Senhor dos Anéis”
engloba aspectos mais obscuros, sombrios e emocionalmente pantanosos, “O
Hobbit” é apenas um livro para crianças. Bom, talvez “apenas” não seja o termo
ideal para referenciá-lo.
É estranho, mas as coisas boas e os dias agradáveis são narrados depressa, e não há muito que ouvir sobre eles, enquanto as coisas desconfortáveis, palpitantes e até mesmo horríveis podem dar uma boa história e levar um bom tempo para contar.
Tolkien
possui uma narrativa muitíssimo peculiar. Ele não segue um padrão de escrita e
tampouco tenta ser profissional ou eloquente com isso. O curioso é que deu
certo. Ele interage com o leitor, faz comentários impróprios sobre Bilbo nas
situações mais impróprias e sabe como tirar um humor saudável e aplicar lições
subliminares como ninguém. Provavelmente, tal leveza pueril não se encontre em
seus outros best-sellers, pois o
público-alvo é outro – caso possamos chamar de “público alvo”, considerando o
objetivo inicial de leitura. É prazeroso de se ler e em momento algum maçante,
como temia graças à fama das descrições mais que detalhadas do escritor.
- Restam-lhe apenas dez minutos. Você vai ter de correr [...]- Mas... [...]- Não há tempo para isso [...]- Mas... [...]- Também não há tempo para isso! [...]
Ao
delimitar trejeitos de uma forma tão automática, os personagens se tornam a
grande marca do autor e prontamente nos familiarizamos com as maneiras de
falar, os jeitos de pensar e, principalmente, os tipos de criaturas da Terra
Média. Orcs gratuitamente cruéis e anões indubitavelmente divertidos, hobbits e
seu meio sereno de vida e magos que somem, aparecem e agem sem explicações
suficientes. Sem contar o valor cultural estabelecido, porquanto estamos
falando de gerações e gerações que têm o conceito de elfos, anões, magos,
feiticeiros, orcs, goblins e tantas outras ficções exatamente como Tolkien os criou,
imaginou e descreveu. Tal espécie de poder, essa influência massiva e quase
desproposital perpetuada por décadas conclui sua importância para a literatura humana.
Tentou adivinhar da melhor maneira possível e arrastou-se por um bom trecho, até que de repente sua mão tocou o que parecia ser um minúsculo anel de metal frio no chão do túnel. Era um ponto decisivo em sua carreira, mas ele não sabia.
Pontuando
fatores negativos, não posso mencionar quaisquer faltas cometidas, já que
consideramos se tratar de um texto para crianças. E mesmo se não levássemos em
conta, não notaríamos nada de errado. O livro executa com precisão suas funções
e apenas o final me incomodou um pouco, uma vez que não esperava o desenrolar
da trama do modo que se sucedeu, acredito que tenha fugido um tanto da proposta
original, entretanto não alterou em nada a apreciação da leitura. Tive a chance
de adquirir meu exemplar em uma promoção do Submarino por R$30, a edição de
comemoração da Martins Fontes de 75 anos de publicação da obra, com direito à
capa dura, inúmeras ilustrações do autor, ortografia atualizada e detalhes
tipográficos e de design em geral que fazem o preço valer a pena. Com certo dó
de levá-lo para ler no ônibus, li a maior parte através do tablet, contudo sempre que conseguia uma
hora em casa, aproveitava-o ao máximo.
Ele atacou os pelotões dos orcs de Monte Gram, na Batalha dos Campos Verdes, e arrancou a cabeça de seu rei Golfimbul com um taco de madeira. A cabeça voou pelos ares cerca de cem jardas e caiu numa toca de coelho, e dessa maneira a batalha foi vencida e ao mesmo tempo foi inventado o jogo de golfe.
Não
sei quantos dragões egocêntricos e narcisistas separam-nos do tesouro de
leitura que é “O Hobbit”, mas é o momento de angariar uma companhia de anões e
empenhar o caminho da batalha. E não se intimide com as noções que possui ou os
preconceitos literários que abrangem seus cerebelos, apenas lembre-se de que mesmo
este leitor desconfiado se rendeu à história, gostou e também ainda não se
comprometeu em ler a trilogia do Um Anel. Deixem de procrastinar a decisão
antes que um mago bata à sua porta para chamá-lo a uma aventura. E se ele se
atrasar, não se engane, ele não está atrasado. Magos chegam exatamente quando devem
chegar e é melhor ter bolos, chá e charadas para recepcioná-lo.
Num buraco no chão vivia um hobbit. Não uma toca desagradável, suja e úmida, cheia de restos de minhocas e com cheiro de lodo, tampouco uma toca seca, vazia e arenosa, sem nada em que sentar ou o que comer: era a toca de um hobbit, e isso quer dizer conforto.
Título: O Hobbit.
Autor: J.R.R. Tolkien.
Editora: Martins Fontes.
Número de Páginas: 310.
Tradução: Lenita Maria Rímoli.
Autor: J.R.R. Tolkien.
Editora: Martins Fontes.
Número de Páginas: 310.
Tradução: Lenita Maria Rímoli.
Muito bom!! =D
ResponderExcluirApenas amo O Hobbit. Ótima resenha! <3
ResponderExcluirhttp://legadodaspalavras.blogspot.com.br/
Esse livro é fabuloso, só o filme que me deixou a desejar. E que bom que comprou essa edição maravilhosa na promoção haha
ResponderExcluirmuito bom olivro! e uma ideia seria uma dia fazer um post comparando o livro com o filme.
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