Enquanto isso, eu gosto das coisas como elas são. Talvez isso faça com que seja esquisito. Talvez faça até parte daquilo que faz de mim um “artista”, como minha mãe disse, mas a verdade é que está mais ou menos funcionando para mim assim...
Não estou em um dos melhores momentos da minha vida, isso é um fato. Um dos vários motivos dessa realidade foi o término do Ensino Médio, que me privou do tão comum e acolhedor meio escolar. Um vazio formado, que tentei preencher levemente da maneira mais eficaz que conheço: lendo. Lendo e me emocionando com cada lembrança que “Escola: Os Piores Anos da Minha Vida” trouxe-me à memória. Não hesitei em pedi-lo à Editora Arqueiro de parceria, assim como não mantive quaisquer expectativas; se seria automaticamente bom por ser do James, se seria muito infantil ou clichê. Simplesmente pedi, li e aproveitei. E nossa; como não me arrependi e espero que todos vocês possam lê-lo ao menos em uma fase de suas vidas e torná-lo um bom e velho amigo para se manter na estante.
É o primeiro dia de aula em sua nova escola, mas Rafa Khatchadorian já sabe que será o pior ano de sua vida. Como se não bastassem seus problemas em casa, agora ele terá que descobrir como sobreviver ao sexto ano. Por sorte, Rafa bolou o melhor plano de todos os tempos: ele se propôs a quebrar todas as regras do colégio, valendo pontos. Porém, professores, pais e valentões não curtiram essa ideia mirabolante. Será que o plano vai passar de mágico a trágico?
Se isso faz com que eu seja esquisito, ou sei lá o quê, o jeito é me conformar. Espero que você também não se importe.
Rafa é um protagonista que salta aos olhos. De sua personalidade à sua caracterização, vemos que é um menino comum sem destaques gerais e aprecio muito essa realidade que a ilustradora tratou de ressaltar, tornando-o mais normal possível aos olhos do ledor. Ele sabe como manusear a narrativa ao seu favor, não deixando que pormenores ofusquem os objetivos da trama, sempre renovando o ânimo do leitor de alguma forma. Logo tudo está em uma constante euforia contagiante e nunca abandonamos o ritmo ditado. É um camarada para se levar e lembrar cada vez que vir alguma criança quebrando as regras na escola. Poderia qualificá-lo de tantas outras maneiras, contudo não suplantaria o quão bom foi tê-lo ao meu lado durante essa leitura.
[...] Quando eu vi onde o dedo dele tinha ido parar, tive um pequeno ataque cardíaco.
- Eu não posso fazer isso! [...] E se alguém se machucar?
- Como é que isto aqui vai machucar alguém? [...] A não ser, talvez, você mesmo...
A estrutura da história é um caso à parte de qualquer outra narrativa. Os co-autores designaram não um texto para cada capítulo, e sim uma função. É impressionante a facilidade de entendimento que uma página com apenas um desenho inteligível consegue agregar, o que não se deve apenas ao inteligentíssimo design aplicado, porém também à elaboração de um enredo simples, conciso, completo e do qual você não sabe o que esperar. São surpresas emocionais anestesiadas por fechadas cômicas e ambientadas por lições subliminares, com tudo e mais um pouco que um livro para crianças precisa possuir.
As pessoas sempre falam sobre como crescer é maravilhoso. Mas eu só via cada vez mais regras e mais adultos me dizendo o que eu podia e não podia fazer, em nome do que é “para o meu próprio bem”. Sei, bom... Tenho que comer brócolis “para o meu próprio bem”, mas mesmo assim fico com vontade de vomitar.
Foi uma surpresa e tanto. James e Chris não se bastam em escrever mais uma história sobre um menino desajustado que sofre bullying, tem problemas familiares e quem sabe uma mente um tanto imaginativa. Eles criaram um conto que, embora ambientado em uma realidade escolar totalmente diferente da brasileira, pode fazer com que leitores do mundo inteiro se reconheçam de certa forma nos dilemas diários de Rafa; seja em sua necessidade desesperada de ser notado, em sua solidão e dificuldade de fazer amigos ou em criar refúgios arriscados para ver livre dos próprios problemas.
E aí vai mais um segredo, para você ter certeza que somos amigos: Jeanne Galletta não será minha namorada no fim desta história. Não estou dizendo isso por não ser confiante ou algo assim. Acontece que o livro é meu e eu já sei como ele termina. Então, se você é do tipo que gosta de coisas românticas e está aí esperando que ela comece a gostar de mim como num passe de mágica, já vou logo avisando: pode esperar sentado.
A diagramação é especial em chamar a atenção, com o tom de cores e as ilustrações corretas para seu público-alvo – e as da capa são somente algumas das inúmeras que complementam a leitura de um modo sem igual. O tamanho pequeno facilita o apoio das mãos para os mais novos, além de encaixar perfeitamente em qualquer canto de sua mochila/bolsa/estojo-ninja, no caso do Rafa em época de Halloween. Não há uma quantidade extensa de textos que se seguem e os capítulos curtos incitam uma conclusão rápida, onde finalizei-o em três dias durante as idas e vindas do trabalho. Uma ótima oportunidade de conciliar o caos da Avenida Brasil com o caos que Rafa Khatchadorian causa em sua escola. E não preciso nem dizer o quão caótico Tebbetts e Patterson deixaram meu nostálgico coração.
- Olhe [...], você nunca vai ser uma dessas pessoas – e apontou para os atletas, as animadoras de torcida e os candidatos ao conselho estudantil [...] – Mas isto [...], isto é algo que você é capaz de fazer.
- Não sei, não.
(Essa foi minha tentativa ridícula de escapar.)
- Ou você pode continuar do mesmo jeito, e todos os dias serão iguais a este [...] Talvez não seja tão ruim assim. Um ano letivo tem só uns 200 dias.
Isso bastou.
Gostaria de fazer jus à obra, porém é mais um daqueles felizardos volumes da pilha “bom demais pra descrever e tão difícil quanto de resenhar”. Acredito que quando falo isso, vocês já entendem que o livro é um Must Read e que devem adquiri-lo o quanto antes a fim de apreciá-lo. Confio em seu bom gosto e, principalmente, na eterna criança que deve existir dentro de vocês. E a minha criança interior mal pode esperar pela continuação!
Agora você sabe todas essas coisas sobre mim e eu ainda não sei nada sobre você. Nem sei se ainda está aí.
Está?
Título: Escola: Os Piores Anos da Minha Vida.
Autores: James Patterson e Chris Tebbetts.
Editora: Arqueiro.
Número de Páginas: 288.
Tradução: Ana Ban.
Ilustradora: Laura Park.
Autores: James Patterson e Chris Tebbetts.
Editora: Arqueiro.
Número de Páginas: 288.
Tradução: Ana Ban.
Ilustradora: Laura Park.
Eu fiquei interessada logo que vi o lançamento dele. Mas é um daqueles livros que vou esperar conseguir numa promoção.
ResponderExcluirParece ótimo mesmo e (embora curta Patterson), acho que esse plano de desenvoltura brilhante num livro juvenil deve ser mais crédito do Chris.
Fico feliz que num momento assim, um livro tenha cosneguido te chacoalhar (e vir ao blog hehe).
Etcs do livro a parte, preciso comentar o que não sai da minha cabeça. Terminei de ler ontem Precisamos falar sobre Kevin e... Eis que pela primeira vez vejo a resenha desse livro e me dou conta de que ele é Khatchadorian. Como Kevin.
Será que isso é proposital dos autores? Alguma comparação com anos terríveis an escola com alguém que foi terrível para os estudantes na literatura?
liliescreve.blogspot.com
Oi Caíque!
ResponderExcluirSendo um livro do James (sentiu a intimidade, né? rsrs) não tenho dúvidas de que seja bom. A capa parece ser bem infantilizada e se eu passasse por ela na livraria nem pararia para olhar, mas a história parece ser bem interessante e depois da sua resenha, que está maravilhosa como sempre, fiquei com vontade de lê-lo. =)
Beijos,
Gabi Lima
http://livrofilmeecia.blogspot.com.br
HAHA, somos todos íntimos dos autores que gostamos com o passar do tempo, não é mesmo? A história é mesmo interessante, mas acho que o aproveitamento do leitor varia bastante dependendo da fase em que a lê especificamente. É a pedida perfeita para tempos nostálgicos como o meu xD Obrigado por comentar querida, grande beijo!
ResponderExcluirÉ, Lili, atribui certas coisas ao James por notar essa versatilidade dele e como nunca li nada do Chris, fiquei sem saber o que ele deixou marcado na narrativa. Esse é o problema de livros escrito em conjunto, nunca sabemos a assinatura do autor específico nas partes, mas talvez seja apenas para assimilarmos como um grande pacote unido, não é verdade? Esse livro realmente mexeu comigo, e não imaginava que nessa altura da minha vida, uma obra infantil pudesse fazê-lo. Estranha curiosidade, não? Vou buscar mais sobre esse sobrenome em comum... Obrigado por sempre comentar aqui, um beijão!
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