quarta-feira, 9 de maio de 2012

[Resenha] Louisa May Alcott - Mulherzinhas

Sinopse: Quando o patriarca da família March deixa sua família em plena Guerra Civil Americana para servir no Exército, a sra. March e suas filhas têm a missão de prosseguir com suas rotinas abdicando de seu antigo e mais luxuoso padrão de vida e aprendendo a viver nas situações que lhes são apresentadas. São quatro meninas, em ordem de nascimento: Meg, Jô, Beth e Amy; cada uma à sua maneira e personalidade única. Juntas enfrentam aventuras, desventuras, amores e tristezas que levam o leitor a vibrar e lacrimejar à cada página virada. Uma história divertida e prazerosa de crescimento humano através da juventude e da feminilidade no século XIX.

- Misericórdia! Eu não sei nada sobre essas coisas de amor e outras tolices iguais! [...].
Esse interesse todo por clássicos neste primeiro semestre de 2012 provém do Robledo e mesmo não me comprometendo ao Desafio que ele e a Tarsila (um beijo!) criaram, resolvi dar uma chance a um livro que gostaria de ler há muito tempo, desde que assisti o filme em que nele foi baseado. Meu fascínio pelo enredo foi tamanho que pesquisei e descobri que se trata de um livro de inspiração autobiográfica da autora, que é retratada como uma das personagens. No início uma característica de uma delas deixa claro que, na realidade, se trata de Louisa. Entretanto, deixo aqui esse mistério para você que ainda não leu.
- Vai dar certo, sim [...]! Seus contos são obras de Shakespeare, comparados com o lixo que publicam hoje em dia. Não será uma beleza, vê-los impressos? Ficaremos muito orgulhosos da nossa escritora!
Quando a leitura de “Mulherzinhas” estava quase durando dois meses, parei e refleti que o tempo para leitura está pequeno. Não por opção, obviamente, mas o importante agora é que o livro foi lido e resenhado, dentro das minhas possibilidades. Voltando ao assunto, o clássico não é muito conhecido, porém, carrega uma história tão gostosa de se ler que é impossível não se apaixonar pelas irmãs March em um piscar de olhos. Suas virtudes, inocência, sonhos e receios são tão perenes que refletimos o porquê de a sociedade contemporânea não contar mais com pessoas assim.
- [...] O dinheiro é necessário, útil e, quando bem usado, algo nobre até, mas não quero que vocês o considerem o melhor prêmio pelo qual vale a pena lutar. Prefiro vê-las casadas com homens pobres, porém felizes e amadas, a vê-las como rainhas, ocupando tronos, sem auto-respeito e paz de espírito.
Como diz a sinopse, o drama familiar aflui ao redor das mulheres March e de como lidam com a situação nova em que se encontram, abrindo mão de pouco luxo e mordomia que tinham para ajudar a mãe e a família a contornar a crise provinda da guerra. Louisa moldou as personalidades e trejeitos de cada uma delas de maneira tão clara e verídica que ao final do primeiro capítulo já temos uma visão bem concreta de cada, do quanto poderá uma à uma oferecer à história. Basta uma fala então e identificamos sua locutora sem muitas informações, seja a meiga e inocente Beth, a corajosa e independente Jô, a precoce e confiante Amy e até mesmo a apaixonada e sonhadora Meg.
- Que luxo! - ela exclamou, afundando-se numa poltrona de veludo, enquanto olhava em volta, intensamente satisfeita, - [...], você deve ser o rapaz mais feliz do mundo!
- Ninguém vive só de livros [...].
Tal conjectura de alternativas cria no leitor um reconhecimento e assimilação  muito maiores e eficazes. Envolvemo-nos nas situações em que as quatro irmãs se colocam, rimos, choramos, amamos e detestamos com cada uma delas. O cenário americano do século XIX ajuda a imortalizar o enredo, perdurando-o por gerações que leram, leem e lerão a emoção dos casos e acasos das jovens March. O amor juvenil, o papel da mulher na sociedade, o casamento por interesses, a inveja, a união nos momentos difíceis e os dilemas adolescentes da época são alguns dos temas abordados de forma célebre pela autora, que metamorfoseia gradativamente não apenas o modo de ser de suas meninas, como também a postura do próprio interlocutor com suas lições e exemplos.
- Nenhuma de vocês sofre como eu! - Amy protestou - Vou para a escola com meninas impertinentes, que me atormentam quando não sei a lição, zombam dos meus vestidos, rotulam meu pai por ele não ser rico e me insultam porque o meu nariz não é bonito.
- Elas não podem "rotular" papai, porque ele não é um vidro de picles - observou Jô, rindo [...]
O conjunto masculino é diversificado, revelando que May não permaneceu em sua zona de conforto, também retratando os impulsos e dúvidas masculinas nas mais diferentes idades. Sua habilidade de escrita é notável, em certos momentos se punha ao lado da narrativa para dar seu próprio parecer e nem assim a trama se desmantelou. Em minha ingênua consciência, o final da obra seria igual ao do filme; contudo mais pareciam histórias semelhantes com finais paralelos, sem quaisquer degradações entre ambas. Os pontos de vista alteram-se constantemente, não é difícil percebê-los e diversificam a trama, as descrições não são maçantes e a diagramação é tão clássica quanto à história; a capa-dura vinho e páginas brancas sem muitas ornamentações oferecem um charme de coleções.
- [...] Foi mais fácil tentar por amor a vocês do que por amor a mim mesma. [...].
À conclusão do filme, aqueles que gostam de Jane Austen provavelmente serão adeptos de “Little Women” tanto quanto eu, logo, se almeja respirar ares que não aqueles de “Orgulho e Preconceito” e ler algo que não se resuma a um longo romance pseudoimpossível – e não tomem isso por uma crítica negativa -, indico tranquilamente a obra de Alcott. Que antes veja o filme, não mudará muita coisa em um enredo tão leve e divertido apesar do contexto histórico. Um clássico carismático de peso emocional,  uma obra atemporal que guia os leitores para as deliciosas tardes de Inverno de dois séculos atrás com pessoas que estão aprendendo tanto da vida quanto qualquer um de nós.
"[...] Sei que elas se lembrarão de tudo quanto eu lhes disse, que serão crianças gentis com você, cumprirão fielmente suas obrigações, lutarão bravamente contra seus inimigos e alcançarão uma vitória tão bonita que, quando eu regressar, terei mais orgulho do que nunca das minhas mulherzinhas."

Título: Mulherzinhas (Little Women).
Autora: Louisa May Alcott.
Editora: Nova Cultural.
Número de Páginas: 338.
Avaliação: 5 de 5.
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OBS. 1: Que saudade de estar aqui, de vocês, de resenhar! 
OBS. 2: E tempo para isso tudo, cadê?
OBS. 3: Obrigado a todos pela força. Beijões especiais para a Eduarda (Book Addict), para a Amanda e Jessie (Lendo & Comentando) e para as figurinhas repetidas chamadas Gabi (Livro, Filme e Cia.) e Nanda (Julgue Pela Capa), pelo apoio nesses momentos complicados!

7 comentários:

  1. Vocês tão voltaaando! *O*
    Justo nessa semana tava falando com o Robledo sobre a ausência de vocês e tudo mais.

    Romance pseudoimpossível? Você vai ter que falar mais sobre isto em um post! ;)

    Assim que comecei a ler a resenha, me lembrei de E O Vento Levou..., que também é um clássico estadunidense e fala de guerra e seus impactos no modo de vida.

    Vou colocar na minha lista de leitura só porque você falou de Jane Austen... x)

    Beijos,
    Miriam - Booker Queen!

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  2. Caíque! *-* Mandou um beijo para mim!
    Amei a resenha, já coloquei o livro nos meus desejados. Parece um clássico no estilo que eu gosto de ler. :)
    Beijos!

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  3. OIe Caíquee!
    Amigo, que resenha excelente! Eu não conhecia o livro ou o filme, mas você me despertou interesse na leitura. Este ano, infelizmente, estou meio órfã de clássicos, mas espero entrarna minha fase quando recomeçar a faculdade *.*

    Vou tirar um tempo só dedicado a distopias e clássicos, muito em breve ^^
    BEijão, amigo, fica bem =*

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  4. Caíque! Fico muito feliz que vocês voltaram, sério! :) Adoro o blog e estava com saudades das resenhas.
    Confesso que não conhecia o "Mulherzinhas", nem mesmo o filme, mas a história parece ser bem interessante, sempre que vejo um clássico assim fico morrendo de vontade de lê-lo e sinto confessar, estou pecando muito para esse lado - faz tempo que não leio nenhum =/
    Estava achando o estilo parecido com o da Jane Austen, quando você mesmo comentou, mas de fato passa a impressão de que mulherzinhas é mais próximo da realidade, e aborda questões cotidianas de uma forma interessante através da escrita envolvente da autora. Adoro a alternância de personagens em um livro, assim podemos ter uma visão mais geral da história, principalmente quando as características de cada uma são tão aprofundadas a ponto de reconhecermos antes mesmo de anunciadas.
    Adorei a resenha e obrigada pela menção especial no post o/ ^^
    Beijão!

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  5. Adorei a resenha! E ele veio em um bom tempo,porque esses dias eu estava pesquisando sobre esse livro e lendo resenhas. Tem gente que achou o livro super chato,outros amaram. Mas mesmo assim pretendo ler ele em breve e tirar minhas proprias conlusões
    bjs ;*

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  6. Oi, Caique!

    Fiquei feliz demais em entrar aqui e ver que tem post novo! \o/ Entendo a correria e como é complicado ter tempo pra cuidar da nossa vida fora do blog e arrumar tempo pra ler e resenhar e etc. Mas espero de verdade que vocês voltem a atualizar aqui sempre. :) Adoro o trabalho que fazem aqui no LLM.

    Bom, agora falado sobre o livro. A sua resenha é a primeira que leio a respeito. Muito bem escrita, como sempre. Não posso negar que fiquei curiosa em conhecer a obra, no entanto não é uma prioridade. Tem outros clássicos que pretendo ler antes, mas a dica está mais que anotada! E se eu tiver oportunidade de ler esse livro futuramente, certamente lerei.

    Me encantei pelo penúltimo quote. Eu raramente faço as coisas por mim. :x

    Beijos,
    Amanda — Lendo & Comentando
    ^_^

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  7. Oiii *-* Nossa, fiquei muito feliz quando vi no face que tinha post novo! Sempre me anima ler as resenhas de vocês aqui! Mesmo que seja assim, demoradamente, gosto muito de saber que o blog continua aqui :DDD' Pode contar sempre que vão ter sempre comentaristas fiéis s2

    Agora, sobre o livro... Bom, eu não tenho muita vontade de ler livros históricos e mesmo sendo autobiográfico não me chama muita atenção. Até mesmo porque também não sou grande fã da Jane Austen já que você fez a comparação no fim, acredito que também não vá me agradar muito esse :(

    Beijos, Nanda!
    Continuem \o/

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