terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

[Resenha] Jenny Han - O verão que mudou minha vida

Existem algumas pessoas que preferem intercalar obras perturbadoras e livros mais leves. Após serem atingidas pelo inexorável poder de um Lolita da vida, saem em busca de publicações com temáticas mais serenas, sem grandes reviravoltas ou capítulos incômodos. Se você se identifica com essa situação e está à procura de uma obra tão plácida como a brisa de verão, então Jenny Han tem o livro certo para você. Publicado pela editora Galera Record no ano de 2011, O verão que mudou minha vida é, em suma, um livro que se revela pela capa - um trabalho artístico sem cores fortes, com a presença de adolescentes e do brilho suave do sol. Já à primeira vista, nos é entregue uma noção confiabilíssima sobre a atmosfera que envolverá a história do primeiro ao último capítulo.

A vida de Belly, a nossa protagonista, é medida em verões. Quando as férias escolares finalmente surgem, todo ano, a garota viaja até a casa de Susannah, a melhor amiga de sua mãe. Susannah tem dois filhos na mesma faixa de idade de Belly: Conrad - misterioso, circunspecto e supostamente irresistível - e Jeremiah - brincalhão, descontraído e fraternal. Belly nutre uma paixão secreta pelo introspectivo Conrad há vários anos, e sempre enxergou Jeremiah como seu melhor amigo. Agora, entretanto, ela se aproxima do seu aniversário de 16 anos, e está disposta a fazer com que este verão traga transformações na relação quase fraternal que tem com os dois garotos.
A questão era que Susannah estava certa. Foi um verão que eu nunca mais esqueci. Foi o verão em que tudo começou. Foi o verão em que fiquei bonita. A cada verão até este, eu acreditava que as coisas seriam diferentes. A vida seria diferente. E naquele verão finalmente foi. Eu fiquei diferente.
O foco de Jenny Han é o amadurecimento gradual que os habitantes da casa de veraneio - Belly, em especial - sofrem em função das circunstãncias às quais estão expostos. Naturalmente, o público-alvo de O verão que mudou minha vida (adolescentes, particularmente garotas) sentirá uma identificação quase pessoal com as inquietudes de Belly, que tem seus pensamentos constantemente povoados por paixões adolescentes e expectativas em relação aos próximos verões. Em uma jogada quase clássica, Jenny Han ainda impregnou sua personagem com uma preocupação que provavelmente afeta a todos em alguma parte da vida: a vontade de que o mundo não mais nos veja como crianças; o desejo de que aqueles próximos a nós notem nosso crescimento.

Apesar do caráter irrequieto da protagonista, o livro flui de maneira assustadoramente rápida. Talvez graças à diagramação, ou talvez pela relação entre esta e o clima levíssimo da trama, os capítulos (quase sempre curtos) sucedem-se uns aos outros em um ritmo incrível, de forma que é possível ler O verão que mudou minha vida em pouquíssimo tempo. Nesse caso, contudo, estamos lidando com uma faca de dois gumes: graças a essa mesma quietude interminável, torna-se difícil sofrer com Belly. Acreditamos no que ela diz, mas não sentimos tanta intensidade assim. Há a identificação, como eu disse no parágrafo anterior, mas não o choque. Nem mesmo a reviravolta-nem-tão-reviravolta-assim do final da obra nos deixa boquiabertos. Nada é explosivo.
Ver Conrad protegendo Jeremiah me fez sentir um amor imenso por ele, parecia até uma onda subindo dentro do meu peito e se espalhando pelo meu corpo todo. E isso me fez sentir culpada, porque como podia estar alimentando uma paixão assim, enquanto Susannah estava com câncer?
Não se trata, em absoluto, de uma leitura desagradável. É preciso entender, todavia, que Jenny Han construiu uma história sem homéricas pretensões, algo cujo principal objetivo é transportar leitores para um universo paralelo quiescente e sereno. E, mesmo com a presença de alguns lugares-comuns (como Taylor, a ex-melhor amiga de Belly, que é o perfeito paradigma da futilidade), o livro é reconfortante. Digo isso porque todos nós precisamos, de vez em quando, de uma zona de conforto. Precisamos que alguém surja e disserte sobre os pensamentos - tolos ou não - que nos atormentaram por algum tempo, ou que nos perturbam até hoje. Precisamos esboçar um sorriso ao ler um capítulo e pensar Ei! Eu já passei por isso!

O verão que mudou minha vida é o primeiro livro de uma trilogia - os outros dois ainda não foram lançados em território brasileiro. Percebe-se que Jenny Han tentou criar um gancho instigante para a segunda publicação, mas não há nada que desperte o ímpeto de correr até a livraria e comprar o próximo livro da série. Não obstante, eu recomendo a leitura a todos aqueles que de alguma forma se encaixem no público-alvo da obra, assim como a indico àqueles que precisam de um descanso, de algo sem peso. Sintetizemos a história assim: o livro é inofensivo.
Fiquei parada diante da porta do quarto por um minuto, ouvindo as risadas delas. Senti que estava sobrando. Invejei a amizade delas. Eram exatamente como copilotos, um equilíbrio perfeito. Eu não tinha esse tipo de amizade, o tipo de amizade que dura a sua vida inteira, independente do que possa acontecer.
Título: O verão que mudou minha vida.
Autor: Jenny Han.
Editora: Galera Record.
Número de páginas: 288.
Avaliação: 3 de 5.

3 comentários:

  1. Oi Robledo!
    Esse livro parece ser legal. Adoro histórias adolescentes, desde que não sejam tão adolescentes, entende? Ver o amadurecimento da personagem é interessante, mas acho que o livro poderia se aprofundar um pouco mais nos sentimentos da personagem.

    Bjs
    Gabi Lima
    http://livrofilmeecia.blogspot.com

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  2. Oi queri,
    Tirei o dia hoje para visitar os amigos e cá estou, não conhecia esse livro nem tinha ouvido falar dele mas achei legal, não interessantissimo porque como vocÊ mesmo disse na sua resenha não é um livro de tirar suspiros e fazer o coração bater mais rápido e algo leve pelo que eu entendi. Achei interessante e quem sabe se tiver oportunidade vou adquiri-lo.
    Bjks
    Raquel Machado
    Leitura Kriativa
    http://leiturakriativa.blogspot.com/

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  3. Oi, Robledo!

    Eu gosto de alternar os livros como você citou no primeiro parágrafo. Mas, estou um pouco cansada de livros superficiais, então, acredito que agora não é um bom momento pra ler esse livro. Confesso que nunca tive muito interesse em lê-lo, mas nunca se sabe, né? Talvez daqui um tempo...

    Beijos!
    Amanda || Lendo & Comentando

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