sexta-feira, 29 de julho de 2011

[Resenha] Josh Lieb - Eu sou um gênio de maldade inenarrável e quero ser seu presidente de turma

Muito bem: bem-vindos ao mundo de Oliver, um garoto do sétimo ano do ensino fundamental, dono de uma pit bull chamada Lollipop, filho de uma mãe super atenciosa e de um pai um pouco ausente. Bem-vindos ao mundo do garoto um pouco acima do peso, que sofre constante bullying dos seus colegas de classe e que é alvo de piadas da maioria dos garotos populares de seu colégio. Bem-vindos ao mundo do pré-adolescente que ama o queijo quente feito por sua mãe, e que de uma hora para a outra se vê inserido em uma complexa eleição para presidente de turma. Como separar Oliver de outros milhões de garotos com as mesmas características supracitadas? Ora, é simples: o garoto é um gênio da maldade, está rumo à dominação mundial e gerencia uma rede de manipulação que tem limites ligeiramente intangíveis.
Sou o maior gênio do universo. Sou o maior gênio na história do universo. Para completar, sou constantemente, incondicionalmente, inenarravelmente mau. Isso faz de mim a maior força maligna já criada. E o coitado do Sr. Moorhead acha que sou o garoto mais idiota de sua turma de inglês.
A Galera Record teve a cordialidade de nos enviar esse livro para que pudéssemos resenhá-lo. Deixamos aqui os nossos expressos agradecimentos à Editora. Resenhar Inenarrável (vamos chamá-lo assim daqui para frente, por favor), na minha opinião, não é uma questão de analisar a verossimilhança da história ou a consistência dos personagens - antes de mais nada, precisamos definir o tipo de abordagem que esse livro deve receber, a maneira como ele deve ser observado.

E eu penso o seguinte: conhecem um filme chamado Madagascar? Esqueceram de mim? As patricinhas de Beverly Hills? American Pie? Pois bem: como vocês encaram esses filmes? Eu imagino que você sente no seu sofá, na sua tarde de domingo, e assista a essas comédias visando unicamente a rir um pouco, a se divertir, a ter contato com um tipo de entretenimento mais leve. Ninguém vai ver Legalmente loira com o objetivo de mudar toda a sua filosofia de vida, de passar a encarar o mundo sob uma ótica totalmente diferente. Esses filmes têm uma proposta claramente definida - a mesma que encontramos no Inenarrável.
Eu não sou apenas uma força destrutiva. Eu não só crio raios eletromagnéticos, venenos não rastreáveis e dossiês de chantagem. Por exemplo, uma vez inventei uma mãozinha para coçar as costas folheada a ouro; era incrível (...). Às vezes eu também publico imitações dos quadrinhos do Archie, no qual Betty e Veronica dão um fora no idiota do Archie para dedicaram-se a idolatrar o grande Reggie. Porque eu acredito que existe um público que quer isso.
É um livro engraçado, de fato. Não corresponde exatamente ao perfil daquilo que eu costumo ler, mas é sempre vantajoso - tanto para mim quanto para o blog - expandir meus horizontes literários e mergulhar em uma obra assim. Como eu costumo ler publicações mais sérias, foi um reflexo natural que eu procurasse por certas mensagens e reflexões, ainda que simples, em Inenarrável. E vejam só: eu encontrei. No meio de toda a austeridade de um Oliver que tem controle sobre metade do mundo, encontramos um garoto que seria capaz de doar toda a sua fortuna em troca de aceitação por parte do pai, em troca de apoio, em troca de admiração. E ainda que as formas de tentar atingir esses objetivos sejam um pouco extremistas, é legal observar a caminhada do rapaz.
Acho que eu esperava que ele dissesse algo como "Uau, Ollie." Ou: "Bom trabalho, filho." Teria até aceitado um "Bom cachorro".
Mas o que ele disse foi: "Mas que diabos?!" E, quando ele finalmente olhou para mim, o que eu vi não foi o legítimo orgulho de um pai.
Obviamente, vou deixar o meu tão-prezado quesito profundidade de lado nessa resenha. Não foi um livro criado para ser profundo - mesmo assim, é interessante notar que, por trás de todas as suas invenções maquiavélicas e de sua extensa rede de manipulação e controle, por trás de suas escutas cuidadosamente posicionadas e de seu exército de seguranças e armas letais, por trás de toda a maldade e de toda a inenarrável genialidade... Por trás disso tudo, há um garoto que ainda nem atingiu a puberdade e que está competindo na mais tempestuosa eleição estudantil. Frágil e com seus problemas interiores, como qualquer um de nós. Não é um livro sensacional, mas a captação dessa mensagem vale bastante.

Título: Eu sou um gênio de maldade inenarrável e quero ser seu presidente de turma.
Autor: Josh Lieb.
Editora: Galera Record.
Número de páginas: 328.
Avaliação: 3,5 de 5.

15 comentários:

  1. Achei o título muito engraçado, mas acho que não o encararia.
    Gostei do blog ^^
    beijos

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  2. "o garoto é um gênio da maldade, está rumo à dominação mundial e gerencia uma rede de manipulação que tem limites ligeiramente intangíveis."

    Rsrsrsrs isso parece uma fórmula muito perigosa

    "Inenarrável (vamos chamá-lo assim daqui para frente, por favor"

    Mas por que??? Rrsrsrsrs

    Confesso que eu lerei esse livro só pelo título, assim que vi na caixinha de vocês fiquei interessada.

    Adorei a resenha!

    Beijinhus

    BabihGois
    http://babihgois.blogspot.com

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  3. Oiiiii ^^
    QUe resenha ótima Robledo! Eu estava esperando muito por ela, por ser exatamente um livro diferente do que você costuma resenhar e um livro que eu queria ler, já que parece sr engraçado, aheoihaeoihae.

    Beijos, nanda
    www.julguepelacapa.blogspot.com

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  4. Oi,
    Não conhecia esse título mas parece ser um livro divertido por fim..como você disse nada de profundo não sei porque mas me lembrou o Artemis Fownl(não sei se e assim que escreve), pelo enredo e por ser apenas um garoto que conta a história. Enfim deve valer uma "lida" ne? PS: Não gostei muito da capa.
    Bjks
    Raquel Machado
    Leitura Kriativa

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  5. Esse título já me ganhou desde o começo. Achei bom saber que a história é bem leve... estou lendo A Menina que Roubava Livros e depois desse livro que na minha opinião é pesado, pretendo ler uma história mais leve. Não tenho preconceitos quanto a isso, geralmente alterno um livro mais profundo com um mais leve pra não fundir a cuca!
    Parabéns pela resenha! É a primeira que eu vi do livro!

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  6. Olá, Robledo!

    Achei a sua resenha ótima e detalhista. Mesmo sendo uma história mais leve, creio que é sempre importante analisarmos ou refletirmos sobre as mensagens mais profundas do livro. Assim como você, não é muito o meu tipo de leitura. Gosto de histórias fortes, que contenham uma crítica, um embasamento social ou histórico. Mesmo assim, acho de extrema importância para expandir o nosso universo literário e até mesmo crítico em diversos quesitos, sair fora um pouco daquilo ao que estamos acostumados.
    De qualquer forma, este livro ganhou minha atenção pela sua aprofundada no que estava ali implícito, mas funcionando como um detalhe do enredo para ser interpretado.

    Beijos!

    Isabella Colmanetti

    universoliterario.blogspot.com

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  7. Eu li o primeiro capítulo do livro e ri litros, mas nao sei porque nao senti vontade de lê-lo. Sua resenha me deu a ideia de que o livro trata de esteriótipos e, por trás disso tudo, que essas marcas como a apresentada - de nerd - na verdade cobrem o que na verdade sao meninos e meninas na puberdade, com problemas variados, mas típicos da idade. Quem curte o tema, parece valer a pena. Nao sou um seguidor ferrenho desse "gênero", mas até acho que esse livro vale a pena por seu, como você disse e eu comprovei com seus primeiros trechos, ar cômico. Mas, por hora, estou cansado demais de temas High School. Vai pra lista, mas vai esperar um pouco. Ótima resenha, gostei muito.

    Abracos,

    Victor

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  8. Nunca tinha ouvido falar desse livro, mas fiquei com vontade de ler agora. Parece ser bem engraçado, mas eu tinha achado pelo título que seria exatamente o oposto, não sei porque.
    Vou ver se compro o livro e me divirto um pouco, faz tempo que não vejo um bom livro de comédia por aí.
    Ótima resenha, de verdade, parabéns!

    Beijoss
    Thaís - Berchim e etc

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  9. Acho a capa muito engraçada!! Não faz mto o meu gênero, mas acho que o leria numa boa num dia de domingo bem preguiçoso e sem nada pra fazer, sabe? Acredito que +e melhor ler um livro divertido a assistir Domingão do Faustão! heoiheo :D

    Beijinhos :*

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  10. Olá! :)

    Em primeiro lugar, eu não me conformo com o tamanho do título desse livro. hahaha Mas acho legal, já mostra que é uma história incomum e bem descontraída.
    Realmente, ninguém assiste Legalmente loira com a esperança de mudar a filosofia de vida, mas as vezes nesses momentos de descontração e com esses entretenimentos levinhos, tiramos algumas lições que nem percebemos, mas que nos marcam. Afinal, não dizem que é das coisas mais simples que tiramos o maior valor? Mas no caso desse livro, acho que a falta de uma maior profundidade psicológica seja pelo fato de que o personagem é apenas uma criança.
    Ainda que ele consiga demonstrar como dói nele que o pai não dê a devida atenção aos feitos dele, a maior preocupação da vida de Oliver parece ser a eleição pra presidente de turma. Como filosofar sobre a vida em cima disso, não é? hahaha

    Gostei da resenha, acho que já falei, mas você escreve super bem. Porém não é um livro que eu leria no lugar de algum outro; só se eu tivesse um tempo exatamente reservado para ele.

    Um beijo!

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  11. Fiquei curiosíssima pra ler o livro desde que vi a capa na livraria. :)
    Gostei dos quotes que você separou, me deixaram mais curiosa XD

    Achei alguns de seus comentários relevantes, mas acho que o excesso de vezes que você disse ser um livro "não sério" e que você geralmente só lê livros assim ficou um pouco demais.

    Não leve pro lado ruim, por favor, mas é que como eu também leio muitos "livros sérios" (assim como muita gente na blogosfera), entendo o sentimento, mas acaba soando um pouco pedante de sua parte. Pra você ver: foi isso o que mais me marcou na resenha. :\

    Beijocas!
    Juh Oliveto
    Livros & Bolinhos ~

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  12. Haha, ficou superengraçado o título do post gigantesco.
    Não é nada do que você costuma ler, por isso estranhei não ter passado o livro para o Caíque, rs.
    Legal a resenha e os trechos, mas Inenarrável é o tipo de livro que eu só leria se ganhasse. '-'
    Beijos,
    Tarsila

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  13. Robledo,
    Quem lê a resenha até pensa que foi fácil falar sobre o "Inenarrável" kkkkkkkkk
    Eu adorei as quotes destacadas, já fiquei imaginando um daqueles filmes da sessão da tarde com um pestinha que quer dominar o mundo. Sou fã desses.
    A tal da questão da profundidade não poderia faltar na sua resenha, né? Coube muito bem ao tema.
    Olha, sabe que apesar de toda a loucura e da nota não tão alta, eu gostaria de lê-lo para tirar minhas próprias impressões.

    Beijoos,
    Ana - Na Parede do Quarto

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  14. Oi Robledo!

    Vi você mostrando esse livro na "Caixinha de Correio" e foi la que fiquei conhecendo ele. Confesso que não o leria assim, do nada. A capa não me atrai e muito menos o nome. :} é, pois é, eu sei. A péssima mania de "julgar" um livro.
    gostei bastante da sua resenha, bem escrita, como todas as outras. E agora, depois de ler seu comentário sobre "Inenarrável", rs, eu o leria. É bom e necessário ter um livro mais leve por perto, as vezes é preciso. :) E que bom, que apesar de não ser um livro profundo, como você disse que está acostumado, você soube tirar proveito dessa leitura. \o/

    Beijos!
    Amanda
    Lendo&Comentando

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  15. Oiiii Robledo!
    Finalmente comentando aqui...
    Devo dizer que gostei muito da sua resenha e já esperava por isso... afinal, as resenhas que você faz deixam a todos encantados e ainda bem que você soube... ignorar o pensamento mais profundo que geralmente você precisa ter nos tipos de livros que lê... Ainda bem também que através da comédia vc também encontrou o ponto de reflexão... Eu leria "o inenarrável" depois da sua resenha, parece um livro excelente, cheio de graça e de pensamentos mais sensíveis também, realmente gostei *-*

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